Foi ontem, dia 22 de Janeiro, na sala de video da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa — depois da projecção do filme Ainda Há Pastores [foto], de Jorge Pelicano, tive o gosto de par-ticipar numa conversa informal com o realizador e uma assistência, alunos e professores, muito motivada para analisar as questões específicas, desde a concepção à produção, relacionadas com o género documental e, em particular, com o seu desenvolvimento no contexto português (dois outros convidados, Tiago Pereira e Carlos Brandão Lucas, não puderam estar presentes). O evento, organizado por um pequeno grupo de alunos, integrava o calendário de um ciclo, designado por "Cinema Doc.", por sua vez incluído numa Quinzena de Gestão Cultural.É sempre bom descobrir este tipo de iniciativas, quanto mais não seja porque nelas se reflecte um excelente princípio pedagógico: o de que muitas questões do conhecimento contemporâneo ganham em passar também pelo cinema, aí encontrando ecos temáticos e hipóteses de reformulação prática e teórica. Não por acaso, um dos vectores mais discutidos foi o conflito entre a exigência ética do olhar documental e a normalização, superficial e pitoresca, imposta pelos valores dominantes da informação televisiva.