
Num mesmo dia, dois centenários de dois nomes grandes da cultura. Os dois vivos. Os dois activos. Comecemos pelo que nos está mais próximo:
Manoel de Oliveira. Um realizador de quem toda a gente conhece o nome, mas nem por isso a obra. É o decano dos cineastas e não é de estranhar a forma como, nos últimos meses, os mais importantes festivais de cinema sublinharam o aproximar centenário. Amanhã e depois há cerimónias oficiais, condecorações, jantares... Mas hoje o dia vai ser de trabalho, continuando a rodagem do filme
Singularidades de Uma Rapariga Loira, baseado num conto homónimo de Eça de Queirós.

Certamente menos conhecido pelos portugueses, mas igualmente uma das grandes figuras das artes no século XX, o compositor norte-americano
Elliott Carter também celebra hoje o seu centenário. Nascido em Nova Iorque, conheceu uma carreira na música graças à intervenção directa de Charles Ives (sim, o compositor), que na época era vendedor de seguros e tinha os Cárter entre a sua lista de clientes. Como tantos outros nomes de primeiro plano da música do século XX, estudou em Paris com Nadia Boulanger. Entre os seus professores contou-se, ainda, Gustav Holst. Nas suas primeiras obras surgiam heranças de figuras como Stravinsky, Copland ou Hindemith. Depois dos anos 50 a sua música passou a reflectir sobre a atonalidade, revelando ainda um interesse pelas estruturas rítmicas. Ainda activo, Elliott Carter deverá sentar-se hoje na plateia do Carnegie Hall para escutar, pela Boston Symphony Orchestra, dirigida por James Levine, a estreia mundial de
Interventions, uma obra que compôs expressamente para este dia.