terça-feira, dezembro 23, 2008

Robert Mulligan (1925 - 2008)

Sidney Lumet, Sydney Pollack e John Frankenheimer serão os nomes mais sonantes da geração de realizadores americanos que começaram a filmar nos anos 50, alternando cinema e televisão. Do grupo, Robert Mulligan terá sido o mais discreto, mas também um dos mais subtis, reinvestindo com particular elegância as matrizes clássicas do melodrama -- nascido no Bronx, Nova Iorque, Mulligan faleceu em sua casa, em Old Lyme, Connecticut, no dia 20 de Dezembro; contava 83 anos.
Na Sombra e no Silêncio, uma parábola social sobre os preconceitos raciais, adaptando o livro To Kill a Mockinbird, de Harper Lee, foi de longe o seu filme mais popular, tendo arrebatado três Oscars referentes ao ano de 1962: melhor actor (Gregory Peck), melhor argumento adaptado (Horton Foote) e melhor direcção artística em filmes a preto e branco (Alexander Golitzen, Henry Bumstead e Oliver Emert). Este foi um dos sete filmes resultantes da colaboração de Mulligan com o produtor Alan J. Pakula (1928-1998), mais tarde realizador de títulos como Os Homens do Presidente (1976) e Dossier Pelicano (1993). Entre esses filmes inclui-se um objecto exemplar das transformações por que estava a passar, na década de 60, o tratamento dramático das personagens jovens: Inside Daisy Clover/O Estranho Mundo de Daisy Clover (1965), com Natalie Wood e Robert Redford.
Alguns dos melhores momentos de Mulligan distinguem-se por uma sofisticada estranheza formal. É o caso da reconversão barroca de algumas convenções do western clássico, em The Stalking Moon/Emboscada na Sombra (1968), ou do retrato da iniciação sexual de um adolescente com uma mulher madura, em Summer of '42/Verão de 42 (1971).
Eis o trailer de Inside Daisy Clover, um trailer como, de facto, já não se fazem.