Crise — eis a questão. Crise do consumo, com a crescente descaracterização de muitas salas, cada vez mais transformadas em meras "lojas de atracções" de grandes centros comerciais. Crise do próprio cinema, muitas vezes iludido pelas proezas do digital (recurso fascinante, entenda-se) contra as potencialidades de imagens & sons para nos fazerem repensar a nossa frágil condição humana. Crise, enfim, do número de espaços de ideias e para as ideias, contrastando com o infantilismo grosseiro — tragicamente vazio de pensamento — que caracteriza muitas formas contemporâneas de intervenção pública, em particular na Net, desde o futebol ao... cinema. E, no entanto, eles movem-se... Quem? Os filmes, sem dúvida. Dos minimalistas (quem viu o assombroso filme espanhol que é A Solidão?) aos barrocos (Paul Thomas Anderson a trilhar os caminhos abertos por mestres da época de ouro de Hollywood), passando pelos genialmente geométricos (os Coen, finalmente, sem o estigma de se mostrarem "artistas", deram-nos um objecto de inusitada sofisticação formal e filosófica). Além disso, temos os mestres que não sabem envelhecer: os agitadíssimos corações de Resnais [foto], o risonho negrume do reaparecido Skolimowski ou o sentido trágico do sempre pedagógico Lumet vieram mostrar que é um erro irmos atrás da moda da juventude, aliás, da juventude como moda. Godard o disse, uma vez: "Prefiro os velhos." Para baralhar as contas, Manoel de Oliveira fez 100 anos, ensinando-nos, afinal, a esquecer as estatísticas e a amar o cinema.
1. Corações, de Alain Resnais
2. Alexandra, de Aleksandr Sokurov
3. Destruir depois de Ler, de Joel e Ethan Coen
4. Haverá Sangue, de Paul Thomas Anderson
5. No Vale de Elah, de Paul Haggis
6. A Solidão, de Jaime Rosales
7. Quatro Noites com Anna, de Jerzy Skolimowski
8. I’m Not There, de Todd Haynes
9. Antes que o Diabo Saiba que Morreste, de Sidney Lumet
10. A Ronda da Noite, de Peter Greenaway
1. Corações, de Alain Resnais
2. Alexandra, de Aleksandr Sokurov
3. Destruir depois de Ler, de Joel e Ethan Coen
4. Haverá Sangue, de Paul Thomas Anderson
5. No Vale de Elah, de Paul Haggis
6. A Solidão, de Jaime Rosales
7. Quatro Noites com Anna, de Jerzy Skolimowski
8. I’m Not There, de Todd Haynes
9. Antes que o Diabo Saiba que Morreste, de Sidney Lumet
10. A Ronda da Noite, de Peter Greenaway
1. Os Fragmentos de Tracey, de Bruce McDonald
2. Patti Smith: Dream Of Life, de Steven Sebring
3. Darjeeling Limited, de Wes Anderson
4. XXY, de Lucia Puenzo
5. Persepolis, de M Satrapi e V Ponnaraud
6. Otto, or up With Dead People, de Bruce LaBruce
7. Nós Controlamos a Noite, de James Gray
8. Valsa com Bachir, de Ari Folman
9. Wall-E, de Andre Stanron
10. Il Pranzo di Ferragosto, de Gianni di Gregorio