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Onde o original se revelava uma parábola pacifista num mundo mergulhado em plena Guerra Fria, ilustrando a visita de uma missão vinda do Espaço que chegava para nos alertar de um possível fim caso a humanidade não mudasse a sua conduta violenta, a nova versão revela uma trama... verde. Klaatu (sim, mantém o nome) visita a Terra para “salvar” a casa. Ou seja, vem já com ordem preparada para limpar a humanidade da superfície do planeta. Porque, como explica a dada altura, há poucos mundos na galáxia capazes de suportar a complexidade da vida que floresceu na Terra. Vida que o homem está a destruir... Qual inspector de uma espécie de Asae espacial, Klaatu acrescenta que não podem permitir isso. E lembra que, sem o Homem, a Terra sobreviverá.
Nada contra a abordagem da ficção científica às dúvidas sobre o futuro do planeta na era do aquecimento global. Escritores vários, de Brian Aldiss a Kim Stanley Robinson, já reflectiram sobre o assunto. Robert Priest chegou até a explicar que não faria sentido que a ficção científica do presente ignorasse o assunto! Porém, não é o tempero verde que faz da transformação de O Dia em Que a Terra Parou um dos piores filmes de ficção científica dos últimos tempos. O argumento é de um primarismo atroz, sobretudo na sub-trama sentimentalóide que tem de garantir o happy end. A inexpressividade de Keannu Reeves rivaliza com a de Gort (o robot de 1951), mas aí não há surpresa. A realização julga que os efeitos visuais garantem realismo catastrofista aos medos postos em jogo... E não havia necessidade de trazer Jenniffer Connelly, John Cleese e Kathy Bates para tão medíocre aventura...
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