A mudança proclamada por Barack Obama entra, agora, como é óbvio, no seu momento decisivo, isto é, no confronto com o real. O certo é que essa mudança começou muito antes, na subtil transfiguração dos nossos modos de percepção da política e, em particular, da política como cerimónia pública. Assim, todas as escalas mudaram: desde as multidões (reveja-se a espantosa imagem de Berlim) até este momento, íntimo por excelência, de um comício, algures nos EUA. No plano simbólico, queremos acreditar que está a nascer uma nova geração para a política, capaz de recusar as mentiras e hipocrisias de algumas das suas referências paternas — na prática, essa geração, mesmo sem votar, já anda por aí... Ou, se não anda, está ao colo.