Por vezes (raras vezes...) a televisão ensina-nos o valor do silêncio. Aconteceu num jogo de futebol, em Inglaterra — este texto foi publicado no Diário de Notícias (14 de Novembro), com o título 'Um minuto de silêncio'.
Vivemos numa sociedade de ruído. Em sentido literal e em sentido figurado. Por um lado, somos bombardeados com demasiadas mensagens de nula utilidade informativa, gerando um imenso desgaste anímico; por outro lado, escutamos mal o mundo em que vivemos e escutamo-nos mal uns aos outros. Há dias, não pude deixar de sentir que, por vezes, um inesperado hiato de silêncio é uma bênção. Sobretudo se esse hiato se rasgar numa paisagem tão hiper-saturada de ruídos, redundâncias e banalidades como é o espaço televisivo.
De acordo com uma determinação oficial, em Inglaterra, os jogos da Premier League do passado fim de semana foram precedidos de um minuto de silêncio, assinalando as comemorações da assinatura do Armistício (a 11 de Novembro de 1918) que pôs fim à Grande Guerra. Assim se procedeu, ao princípio da tarde de domingo, antes do apito inicial do árbitro para o jogo Blackburn-Chelsea (Sport TV).
Foram momentos exemplares. Desde logo porque, ao contrário dessa obscenidade a que já assistimos diversas vezes (inclusive em Portugal), o público respeitou o silêncio. Depois, porque quem comentava teve o elementar bom senso, também nem sempre prevalecente, de assinalar o facto, de seguida assumindo por inteiro o seu próprio silêncio (peço desculpa, mas não retive o nome do comentador). Finalmente, porque graças a uma dessas maravilhas que um directo pode proporcionar, o silêncio foi de tal modo avassalador que foi possível ouvir as gotas de chuva que caíam nas superfícies metálicas do estádio.
Para nossa desgraça existencial, a televisão pouco ou nada nos ensina sobre essa coisa nobre e difícil que é saber ouvir. O que aconteceu na abertura do Blackburn-Chelsea acabou por ser uma maneira singela, também ela simbólica, de resistir às vozes histéricas dos programas de “entretenimento”, ao alarido de alguns programas de debate em que todos se esquecem que a sobreposição de vozes é impossível de acompanhar e, enfim, aos sons violentos de muita publicidade. Não precisamos de ter vergonha de dizer que ouvir a chuva é uma arte esquecida.
Vivemos numa sociedade de ruído. Em sentido literal e em sentido figurado. Por um lado, somos bombardeados com demasiadas mensagens de nula utilidade informativa, gerando um imenso desgaste anímico; por outro lado, escutamos mal o mundo em que vivemos e escutamo-nos mal uns aos outros. Há dias, não pude deixar de sentir que, por vezes, um inesperado hiato de silêncio é uma bênção. Sobretudo se esse hiato se rasgar numa paisagem tão hiper-saturada de ruídos, redundâncias e banalidades como é o espaço televisivo.
De acordo com uma determinação oficial, em Inglaterra, os jogos da Premier League do passado fim de semana foram precedidos de um minuto de silêncio, assinalando as comemorações da assinatura do Armistício (a 11 de Novembro de 1918) que pôs fim à Grande Guerra. Assim se procedeu, ao princípio da tarde de domingo, antes do apito inicial do árbitro para o jogo Blackburn-Chelsea (Sport TV).
Foram momentos exemplares. Desde logo porque, ao contrário dessa obscenidade a que já assistimos diversas vezes (inclusive em Portugal), o público respeitou o silêncio. Depois, porque quem comentava teve o elementar bom senso, também nem sempre prevalecente, de assinalar o facto, de seguida assumindo por inteiro o seu próprio silêncio (peço desculpa, mas não retive o nome do comentador). Finalmente, porque graças a uma dessas maravilhas que um directo pode proporcionar, o silêncio foi de tal modo avassalador que foi possível ouvir as gotas de chuva que caíam nas superfícies metálicas do estádio.
Para nossa desgraça existencial, a televisão pouco ou nada nos ensina sobre essa coisa nobre e difícil que é saber ouvir. O que aconteceu na abertura do Blackburn-Chelsea acabou por ser uma maneira singela, também ela simbólica, de resistir às vozes histéricas dos programas de “entretenimento”, ao alarido de alguns programas de debate em que todos se esquecem que a sobreposição de vozes é impossível de acompanhar e, enfim, aos sons violentos de muita publicidade. Não precisamos de ter vergonha de dizer que ouvir a chuva é uma arte esquecida.