A ficção faz parte da realidade — eis uma verdade que, hoje em dia, quase ninguém quer pensar. A ficção, enquanto representação do movimento do mundo, é um elemento vivo da vida que vivemos.
Daí a agressão a que todos os dias as telenovelas nos sujeitam. Porquê? Porque são ficções normativas, que nos compelem a formatar a nossa experiêmcia de vida em meia dúzia de estereótipos dramáticos e morais. Daí também o poder que a ficção pode ter enquanto espelho, eco, ou até mesmo delírio, dos desejos e ideias que atravessam o tecido social.
Este é, por isso, o momento de recordar o primeiro presidente afro-americano dos EUA... em ficção. Aconteceu na segunda temporada (2002/03) da série 24, com Dennys Haysbert a interpretar a personagem do Presidente David Palmer. Com uma nuance que importa sublinhar: esta é uma série com chancela da Fox, um dos canais ideologicamente mais conservadores do espaço mediático dos EUA e, como se pôde verificar nestas eleições, muito próximo das sensibilidades republicanas. Fica, por isso, uma pequena lição de pragmatismo: não tentar descrever ou compreender o movimento das ideias — e das ficções — nos EUA a partir de padrões automaticamente transpostos da realidade europeia.
Este é, por isso, o momento de recordar o primeiro presidente afro-americano dos EUA... em ficção. Aconteceu na segunda temporada (2002/03) da série 24, com Dennys Haysbert a interpretar a personagem do Presidente David Palmer. Com uma nuance que importa sublinhar: esta é uma série com chancela da Fox, um dos canais ideologicamente mais conservadores do espaço mediático dos EUA e, como se pôde verificar nestas eleições, muito próximo das sensibilidades republicanas. Fica, por isso, uma pequena lição de pragmatismo: não tentar descrever ou compreender o movimento das ideias — e das ficções — nos EUA a partir de padrões automaticamente transpostos da realidade europeia.