A estreia de uma versão cinematográfica do romance de Evelyn Waugh, Reviver o Passado em Brideshead, trouxe inevitáveis memórias da série televisiva do começo dos anos 80, com Anthony Andrews e Jeremy Irons [foto] — este texto foi publicado no Diário de Notícias (21 de Novembro), com o título 'Nostalgia de Brideshead'.
Com a recente estreia, nas salas de cinema, do filme Reviver o Passado em Brideshead, ressurgiram muitas memórias mais ou menos nostálgicas da série homónima adaptada do romance de Evelyn Waugh. De facto, em 1981, os onze episódios de Reviver o Passado em Brideshead constituíram um verdadeiro fenómeno internacional, aliás contribuindo decisivamente para o lançamento da carreira do actor inglês Jeremy Irons (no mesmo ano em que protagonizava A Amante do Tenente Francês, ao lado de Meryl Streep).
Talvez esta seja uma evocação inevitavelmente nostálgica que, em boa verdade, a possível revisão da série em DVD não preenche. Porquê? Sem dúvida porque é imperioso sentir que o impacto de produções como Reviver o Passado em Brideshead correspondia a uma maneira peculiar de manter uma postura de interesse e disponibilidade em relação à programação televisiva, bem diferente dessa atenção flutuante que, agora, nos faz oscilar entre a expectativa de assistir ao episódio certo no horário previsto (coisa que não está automaticamente garantida...) e o recurso conformista ao “vejo quando sair o DVD”.
Não que eu queira definir a década de 80 como o “paraíso perdido” da televisão (nostalgia por nostalgia, preferia recuar ainda mais e escolher os anos 60). Nem se trata de esquecer a fascinante vitalidade que passou a distinguir o espaço específico das séries de televisão. A questão é de outra natureza. Em última instância, tem a ver com a nossa capacidade de relação com os objectos audiovisuais, num misto de expectativa e compromisso mútuo.
Que mudou, então? Pois bem, o próprio interesse das televisões generalistas por este género de produtos, na maior parte dos casos empurrados para espaços secundários e horários marginais, favorecendo sempre a banalidade repetitiva das telenovelas e seus derivados, dominantes nos horários nobres. Ao estrear o filme Reviver o Passado em Brideshead, pensei que um canal de televisão poderia aproveitar para repor a série, precisamente em horário nobre. Numa fracção de segundo percebi que, além de nostálgico, estava a ser irremediavelmente ingénuo. Problema meu, como é óbvio.
Com a recente estreia, nas salas de cinema, do filme Reviver o Passado em Brideshead, ressurgiram muitas memórias mais ou menos nostálgicas da série homónima adaptada do romance de Evelyn Waugh. De facto, em 1981, os onze episódios de Reviver o Passado em Brideshead constituíram um verdadeiro fenómeno internacional, aliás contribuindo decisivamente para o lançamento da carreira do actor inglês Jeremy Irons (no mesmo ano em que protagonizava A Amante do Tenente Francês, ao lado de Meryl Streep).
Talvez esta seja uma evocação inevitavelmente nostálgica que, em boa verdade, a possível revisão da série em DVD não preenche. Porquê? Sem dúvida porque é imperioso sentir que o impacto de produções como Reviver o Passado em Brideshead correspondia a uma maneira peculiar de manter uma postura de interesse e disponibilidade em relação à programação televisiva, bem diferente dessa atenção flutuante que, agora, nos faz oscilar entre a expectativa de assistir ao episódio certo no horário previsto (coisa que não está automaticamente garantida...) e o recurso conformista ao “vejo quando sair o DVD”.
Não que eu queira definir a década de 80 como o “paraíso perdido” da televisão (nostalgia por nostalgia, preferia recuar ainda mais e escolher os anos 60). Nem se trata de esquecer a fascinante vitalidade que passou a distinguir o espaço específico das séries de televisão. A questão é de outra natureza. Em última instância, tem a ver com a nossa capacidade de relação com os objectos audiovisuais, num misto de expectativa e compromisso mútuo.
Que mudou, então? Pois bem, o próprio interesse das televisões generalistas por este género de produtos, na maior parte dos casos empurrados para espaços secundários e horários marginais, favorecendo sempre a banalidade repetitiva das telenovelas e seus derivados, dominantes nos horários nobres. Ao estrear o filme Reviver o Passado em Brideshead, pensei que um canal de televisão poderia aproveitar para repor a série, precisamente em horário nobre. Numa fracção de segundo percebi que, além de nostálgico, estava a ser irremediavelmente ingénuo. Problema meu, como é óbvio.