Esta é uma imagem que anda por aí. Aparece como pop-up de alguns sites, propondo ao internauta que, através do seu telemóvel, se inscreva para receber toques especiais, jogos e, sobretudo, para fazer um teste sobre a sua "compatibilidade" com alguém que será um potencial parceiro no amor — é, como está escrito, uma "calculadora".
Quando vejo este tipo de promoções, penso sempre nos militantes da pureza dos costumes que, ciclicamente, vêm perorar para a praça pública, preocupados com o "sexo" e a "violência" que vêem na televisão. Nunca os vi reagir a estratégias comerciais deste género, estratégias que, visando sobretudo um público jovem, promovem três imposturas:
1) - que o amor é uma espécie de jogo fútil que se pratica com a facilidade de quem manipula um telemóvel;
2) - que o amor se pode "calcular" e, mais do que isso, "medir", para mais através de dispositivos que desafiam a inteligência de qualquer mortal;
3) - enfim, que podemos (porventura devemos) entregar a gestão do nosso destino amoroso a gadgets que promovem um entendimento pueril das relações humanas.
De facto, quando discutimos os problemas contemporâneos da educação, deveríamos não ignorar os dispositivos educacionais que o quotidiano mediático nos propõe. Como cidadão — e sem menosprezar as graves questões estruturais da educação —, gostava de ver a nossa classe política (governo e oposição) a enfrentar produtos deste género.