quinta-feira, setembro 11, 2008

Sarah Palin — e a religião?

Espantosa imagem: a natureza submetida e, em fundo, o horizonte da cidade, projectado num céu redentor; a mulher no trabalho (documentos sobre o joelho), pose descontraída, mas concentrada, num espaço que remete para uma ideia de ambiência familiar; enfim, não o artifício da iluminação de estúdio, mas a beleza crua da luz do sol [foto: Andrew Testa].
No seu labirinto simbólico, esta é uma fotografia que ajuda a pressentir algumas das componentes do debate ideológico em que acontecem as eleições para a Presidência dos EUA (4 de Novembro). Sim, porque a fotograda é Sarah Palin e está nas páginas de um grande dossier biográfico que lhe dedica a revista Newsweek — o título, pleno de ressonâncias religiosas, é 'An apostle of Alaska'.
De facto, as componentes religiosas têm acompanhado a agitação da campanha como uma espécie de não-dito, deixando uma interrogação: será que poderão ainda transformar-se em factor explícito dos debates McCain/Obama?
A esse propósito, também nas páginas da Newsweek, Lisa Miller considera que o conservadorismo moral de Palin favorece um "revivalismo da direita religiosa" e o aparecimento de "novos" evangelistas. Para Miller, esse é um processo marcado por algumas desconcertantes transfigurações: "Ansiosos por defender o planeta, estes cristãos estão a construir pontes entre esquerda e direita, entre laicos e devotos, até mesmo entre seguidores de diferentes livros sagrados" — vale a pena ler.
Resta dizer que a capa desta edição da Newsweek (15 Setembro 2008) ficará, necessariamente, para a história.