O controverso Martin Amis publicou recentemente um livro no qual recuperou os diversos textos que foi escrevendo para jornais e revistas como consequência do 11 de Setembro. Relatos, reflexões de foro político e pequenos contos fazem as páginas de The Second Plane, livro no qual ficam claras algumas das suas posições, desde uma forte crítica à atitude extremista que provocou o ataque, como uma condenação (naturalmente já conhecida) da guerra no Iraque. Num dos textos Amis explora as origens do pensamento radical islâmico. Num outro analisa o peso da expressão “9/11” (nine eleven), comparando-a com outras datas e factos da nossa história comum. O mais interessante dos textos é o que poderíamos apontar como uma docu-ficção, na qual se descrevem os últimos dias de Muhammad Atta, o piloto de um dos aviões que se despenharam nas Torres Gémeas. Aí desce ao nível do indivíduo para debater conflitos pessoais, cruzando as personagens e o contexto com debates do foro psicológico.
Aqui fica um excerto da introdução do livro:
“If September 11 had to happen, then I am not at all sorry that it happened in my lifetime. That day and what followed from it: this is a narrative of misery and pain, and also of desperate fascination. Geopolitics may not be my natural subject, but masculinity is. And have we ever seen the male idea in such outrageous garb as the robes, combat fatigues, suits and ties, jeans, tracksuits, and medics' smocks of the Islamic radical?”