Com a morte de Paul Newman, desaparece um dos derradeiros elos que ainda nos ligava directamente às grandes convulsões temáticas, artísticas e estruturais de Hollywood nos anos 50. Face à sua perda, precisamos, pelo menos, de não deixar a memória cair na banalidade mediática que tende a "descrever" os actores como seres mais ou menos fúteis e pitorescos, menosprezando a intensidade humana que o seu trabalho pode envolver — este texto foi lido aos microfones da Antena 1 (26 de Setembro).
Era uma notícia esperada — mas é uma notícia inevitavelmente, irremediavelmente triste. De facto, sentimos que desapareceu um dos monstros sagrados da mais nobre tradição de Hollywood: um grande actor, também um grande cineasta e uma figura pública sempre empenhada na defesa da dignidade humana.
Em termos especificamente cinematográficos, sentimos também que há um capítulo que, definitivamente, se encerra — os seus protagonistas eram três actores cuja fulgurância mudou o cinema americano em meados dos anos 50. Ou seja: James Dean, que teve um fim trágico em 1955, contava apenas 24 anos; Marlon Brando, que faleceu em 2004; e Paul Newman.

A mesma intensidade ficou em títulos lendários como Gata em Telhado de Zinco Quente (também em 1958), A Vida É um Jogo (em 1961), Buffalo Bill e os Índios (em 1976), O Veredicto (em 1982) ou A Cor do Dinheiro (em 1986) — no caso de A Cor do Dinheiro, por assim dizer. passando o testemunho a um dos seus herdeiros directos, o actor Tom Cruise.

>>> Obituário na BBC.