Um símbolo dos cruzamentos soul/hip hop e também uma voz eminentemente pessoal — este texto foi publicado na revista Op (Verão 2008); em baixo, um registo de Mary J. Blige (canção Work That, do álbum Growing Pains) no programa da BBC2, Later... with Jools Holland.
Mary J. Blige / Growing pains >>> Na paisagem dos muitos cruzamentos entre soul e hip hop, Mary J. Blige tem-se revelado como uma experimentadora paradoxal. Porquê? Sem dúvida porque os seus riscos criativos nunca acontecem contra a singularidade, técnica e emocional, das suas espantosas qualidades vocais. Seria, por isso, demasiado fácil (e francamente injusto) reduzir Growing Pains a um mero exercício de “gestão” de carreira. É uma viagem através de terrenos conhecidos? Sem dúvida, mas com uma moral muito particular: nunca conhecemos por inteiro os caminhos que percorremos e, em última instância, distinguimo-nos pela capacidade de (voltar a) olhar à nossa volta. Temas como Feel Like a Woman, tão confessional como o título sugere, Fade Away, com deliciosos requebros pop, ou Smoke, eivado do intimismo de uma puríssima balada, são a prova real de que Blige não cede a nenhuma facilidade, comportando-se como uma artesã que nunca abdica de apurar sempre um pouco mais as componentes do seu domínio. Para ouvir em sintonia com o magnífico, e também muito confessional, Mary, lançado em 1999.
Mary J. Blige / Growing pains >>> Na paisagem dos muitos cruzamentos entre soul e hip hop, Mary J. Blige tem-se revelado como uma experimentadora paradoxal. Porquê? Sem dúvida porque os seus riscos criativos nunca acontecem contra a singularidade, técnica e emocional, das suas espantosas qualidades vocais. Seria, por isso, demasiado fácil (e francamente injusto) reduzir Growing Pains a um mero exercício de “gestão” de carreira. É uma viagem através de terrenos conhecidos? Sem dúvida, mas com uma moral muito particular: nunca conhecemos por inteiro os caminhos que percorremos e, em última instância, distinguimo-nos pela capacidade de (voltar a) olhar à nossa volta. Temas como Feel Like a Woman, tão confessional como o título sugere, Fade Away, com deliciosos requebros pop, ou Smoke, eivado do intimismo de uma puríssima balada, são a prova real de que Blige não cede a nenhuma facilidade, comportando-se como uma artesã que nunca abdica de apurar sempre um pouco mais as componentes do seu domínio. Para ouvir em sintonia com o magnífico, e também muito confessional, Mary, lançado em 1999.