Para descobrir um grande escritor da Islândia, distinguido com o Nobel — texto publicado no nº 26 da revista Op (Verão 2008).
Halldór Laxness / Gente Independente >>> Se há autores que transcendem qualquer filiação (geográfica, temática, cultural), o islandês Halldór Laxness (1902-1998) é seguramente um deles. Distinguido com o Prémio Nobel de 1955, Laxness é uma daquelas referências lendárias, “cantor das antigas sagas” (para usarmos uma expressão de Marguerite Duras), que continuava a ser uma lacuna da edição em Portugal. Com o lançamento deste Gente Independente (1934-35), a Cavalo de Ferro supera tal limitação, para mais numa tradução, de Gudlaug Rún Margeirsdóttir, feita directamente a partir do islandês. Epopeia do obstinado Bjärtur, no início do século XX, este é um livro de fascinante coexistência da crueza natural e da inquietante sedução da mitologia, tudo rasgado pelo mistério universal da instância feminina. Em poucas palavras: um genuíno acontecimento literário.