PS. Texto publicado no DN a 14 de Julho
terça-feira, julho 15, 2008
O desejo, segundo Cohen
Publicado em 2006, transformado há um ano num ciclo de canções por Philip Glass, o mais recente livro de poemas de Leonard Cohen chega agora aos escaparates nacionais em tradução de Vasco Gato para a Quasi, com o título Livro do Desejo. Antes de imaginar que, um dia, teria o seu nome na capa de um disco, Leonard Cohen era já um autor publicado em livro. Canadiano, nascido em Montreal em 1934, teve primeiro contacto com a poesia ainda nos dias de escola, onde estudou com o poeta Irving Layton. As suas ambições literárias começaram a ganhar forma pouco depois, em parte apoiadas por fundos deixados em testamento pelo seu pai, um proprietário de uma bem sucedida grande loja de roupa em Montreal. Estuda então na McGill University e toma Yeats, Whitman e Miller como as suas primeiras referências. Em 1956 publica o livro de poemas Let Us Compara Mythologies, sob a chancela de uma editora ligada à universidade. Até 1967, ano em que se estreia na música (com o álbum The Songs Of Leonard Cohen) publicará outros dois livros de poemas e dois romances. O Livro do Desejo (no original Book Of Longing) assinala o seu regresso à publicação de inéditos após um hiato de 22 anos. O livro apresenta mais de 160 poemas, alguns pequenos textos em prosa e desenhos, na sua grande maioria criados durante o período (de 1994 a 1999) em que Cohen viveu num mosteiro Zen, em Mount Baldry, na Califórnia. A estes junta as letras das canções gravadas nos álbuns Ten New Songs (2001) e Dear Heather (2004). E ainda alguns poemas, originalmente apresentados em Death Of A Ladies Man (o livro, não o álbum), de 1978. A fé, a vida, a velhice, as memórias, são destinos centrais para a palavra de Cohen num livro que nos apresenta um homem em busca do seu lugar no grande cosmos. Pessoal. Mas transmissível.