Demi Moore, Mikhail Baryshnikov, Julia Roberts, Tom Cruise, Angelina Jolie [foto] ou o Presidente Georges W. Bush são apenas algumas das personalidades que podemos encontrar no gigantesco portfolio de Annie Leibovitz — este texto foi publicado no Diário de Notícias (27 Junho), com o título 'Sog o signo de Leibovitz'.
Tem sempre qualquer coisa de desconcertante encontrar na tele-visão referências ao mundo da fotografia. Quanto mais não seja porque a informação televisiva, estonteada pelo seu pró-prio “movimento”, quase só utiliza as imagens fotográficas como uma espécie de lapso: a câmara (televisiva) não estava lá... Foi, por isso, um prazer muito especial poder ver na madrugada do dia 21 (RTP2) um documentário sobre Annie Leibovitz, fotógrafa que, desde os tempos heróicos da revista Rolling Stone até à sua actual ligação com a Vanity Fair, tem construído uma obra fascinante em que as noções de reportagem e artifício parecem coexistir e até, por vezes, complementar-se em termos criativos.
Produzido pela PBS americana em 2006, com realização da irmã de Annie, Barbara Leibovitz, Annie Leibovitz: Life Through a Lens segue um dispositivo tradicional, combinando uma entrevista central com depoimentos de personalidades e mate-riais de arquivo. Se o seu efeito supera qualquer pendor académico, isso resulta, não apenas da evidente cumplicidade que existe entre as duas irmãs, mas também do facto de o filme ter sido rodado sob o efeito da publicação do livro A Photographer’s Life: 1990-2005, verdadeiro objecto confes-sional em que, pela primeira vez, Leibovitz se dá a ver com a sua família e, em particular, na sua relação com Susan Sontag (1933-2004).
A travessia de um universo como o de Leibovitz é tanto mais estimulante quanto ela foi (e continua a ser) uma das mais brilhantes retratistas de famosíssimas personalidades, em particular da música e do cinema, sem nunca ceder a qualquer simplificação “voyeurista”, muito menos moralista. Entre os muitos momentos marcantes da sua carreira está a lendária fotografia de John Lennon, nu, abraçado a Yoko Ono, imagem que serviria de capa à Rolling Stone publicada logo após o assassinato de Lennon (a 8 de Dezembro de 1980). A evocação, por Yoko Ono, da respectiva sessão fotográfica foi um dos momentos mais intensos, e também mais pudicos, deste documentário capaz de nos ensinar a respeitar as imagens.
Tem sempre qualquer coisa de desconcertante encontrar na tele-visão referências ao mundo da fotografia. Quanto mais não seja porque a informação televisiva, estonteada pelo seu pró-prio “movimento”, quase só utiliza as imagens fotográficas como uma espécie de lapso: a câmara (televisiva) não estava lá... Foi, por isso, um prazer muito especial poder ver na madrugada do dia 21 (RTP2) um documentário sobre Annie Leibovitz, fotógrafa que, desde os tempos heróicos da revista Rolling Stone até à sua actual ligação com a Vanity Fair, tem construído uma obra fascinante em que as noções de reportagem e artifício parecem coexistir e até, por vezes, complementar-se em termos criativos.
Produzido pela PBS americana em 2006, com realização da irmã de Annie, Barbara Leibovitz, Annie Leibovitz: Life Through a Lens segue um dispositivo tradicional, combinando uma entrevista central com depoimentos de personalidades e mate-riais de arquivo. Se o seu efeito supera qualquer pendor académico, isso resulta, não apenas da evidente cumplicidade que existe entre as duas irmãs, mas também do facto de o filme ter sido rodado sob o efeito da publicação do livro A Photographer’s Life: 1990-2005, verdadeiro objecto confes-sional em que, pela primeira vez, Leibovitz se dá a ver com a sua família e, em particular, na sua relação com Susan Sontag (1933-2004).
A travessia de um universo como o de Leibovitz é tanto mais estimulante quanto ela foi (e continua a ser) uma das mais brilhantes retratistas de famosíssimas personalidades, em particular da música e do cinema, sem nunca ceder a qualquer simplificação “voyeurista”, muito menos moralista. Entre os muitos momentos marcantes da sua carreira está a lendária fotografia de John Lennon, nu, abraçado a Yoko Ono, imagem que serviria de capa à Rolling Stone publicada logo após o assassinato de Lennon (a 8 de Dezembro de 1980). A evocação, por Yoko Ono, da respectiva sessão fotográfica foi um dos momentos mais intensos, e também mais pudicos, deste documentário capaz de nos ensinar a respeitar as imagens.