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As carteiras não resistem a tanta oferta. E em tempo de crise mais feita de factos que de receios anunciados, há que começar a redimensionar as agendas por estes lados.
Não se gosta menos de música. Pelo contrário, nunca se consumiu tanta! Mas nos últimos anos os promotores de espectáculos viveram um cenário de prosperidade que decorreu, em parte, do facto de muitos consumidores de música a terem passado a "encontrar" à borla (as quebras nas vendas de discos não deixam dúvidas), sobrando na carteira um fundo de orçamento que segue direitinho para a música... ao vivo.
O cenário de contestação social que se vive entre nós não é apenas fruto desta ou aquela opção política, mas antes expressão cada vez mais clara (e próxima) de um tempo de recessão que, de facto, existe. É o nosso tempo. E estamos a vive-lo. Por muito distraída e eufórica que a multidão fique com bandeiras à janela e nos carros, a troco de 90 minutos de relvado com gente e bola em cena, a verdade é que não são sorridentes os tempos mais próximos que se aproximam. Mais dia menos dia, as indústrias do entretenimento sentirão na pele a necessidade de desvio dos dinheiros livres para as prioridades de sobrevivência. E num pequeno país, longe da retoma anunciada, o excesso de oferta nos cartazes musicais a que estamos a assistir este ano poderá não se voltar a repetir.
Madonna esgotou. Naturalmente!
O Rock In Rio teve a maior enchente de sempre.
Vejamos agora como se comportam as bilheteiras dos festivais de Julho, em alguns dias com sobreposições desnecessárias. E os muitos concertos extra-festival que se anunciam para os próximos meses...
Se a gasolina, o arroz, a fruta fresca, e outras mais necessidades prioritárias falarem mais alto, não se duvide que os palcos serão os primeiros a sentir a dieta. Nada como repensar a oferta, antes de ter de começar a anunciar cancelamentos por fraca venda de bilhetes...