segunda-feira, junho 23, 2008
Há, mas são verdes... (4)
Originalmente publicadas em 1950, as Crónicas Marcianas de Ray Bradbury (n. 1920) são, mais que um romance de ficção científica, uma colecção de contos que, em conjunto, traçam uma narrativa. Os contos surgiram, na sua maioria, de colaborações do escritor com revistas nos anos 40, acabando assim reunidos, juntamente com alguns inéditos, num único livro. Seguindo o modelo frequentemente citado junto dos leitores de ficção científica como “future history”, os contos que aqui se reúnem contam a história de uma colonização do planeta vermelho por seres humanos. As visões marcianas são diferentes de conto para conto, uns mais com sabor a aventura, outros a enigma, alguns ,mesmo ensaiando um humor com travo nonsense (como é o caso de Os Homens da Terra), fugindo aos cânones habituais na ficção científica. Em grandes traços, as histórias acabam inevitavelmente a reflectir sobre as relações que se desenham entre os colonizadores e os povos autóctones marcianos. E com inesperadas surpresas e revelações pelo caminho, num quadro de acontecimentos cronologicamente ordenado entre 1999 e 2057. A tradução portuguesa (pela Europa América) inclui apenas os contos da versão de 1950 do livro. Há, contudo, uma versão recente, publicada em 2005 pela Hill House, que junta a estes contos alguns mais, assinados por Bradbury, com Marte por cenário.