segunda-feira, junho 02, 2008
Há, mas são verdes... (2)
Enquanto se esperam notícias dos “marcianos” que a Phoenix busca no solo do planeta vermelho, voltamos ao encanto que Marte sempre votou ao universo da ficção científica, hoje com a que talvez é a mais interessante obra de literatura alguma vez pontada nesse sentido. Ainda à espera de uma eventual tradução para português, a trilogia que o norte-americano dedicou a Marte é, mais que uma empolgante narrativa em três volumes, um conjunto de olhares nos quais, aproveitando esse mundo por cenário, se reflecte sobre questões que vão dos domínios da ciência (astronomia, geologia, biologia, química, ecologia) aos das relações humanas. Em três volumes – Red Mars (originalmente publicado em 1993), Green Mars (1994) e Blue Mars (1996) – Kim Stanley Robinson relata a odisseia da conquista de Marte, desde as primeiras expedições tripuladas à instalação de uma vasta colónia num mundo entretanto terraformado. Mais que o acompanhar da aventura e dos seus protagonistas (cada leitor escolherá entre os muitos quais os seus heróis), a trilogia marciana de Kim Stanley Robinson é terreno para debater sistemas sociais e políticos, os comportamentos e todo um mundo de debates éticos. A forte presença de um movimento que se opõe à transformação de Marte num mundo feito à imagem da terra é apenas um dos ingredientes numa história de grande complexidade na qual, apesar das muitas questões e reflexões, o autor nunca perde a noção que tem uma narrativa para nos contar, e com recurso ao estilo realista e sóbrio que conhecemos de muitos outros livros seus.