segunda-feira, maio 12, 2008

O país do marketing

Começou.
A moda (muito velha, importa dizer) é a de que os artistas gastam muito dinheiro para fazer as suas obras... E os intelectuais muitas ideias sem interesse para comentar essas obras... A moda é a de estar contra o simples gosto de pensar.
Começou mais um capítulo dessa política anti-pensamento que o nosso país risonhamente prossegue, sem que se vislumbre grande preocupação por parte dos políticos que nos governam (oposições incluídas). A saber: durante os próximos meses (e já nos anteriores...), a selecção nacional de futebol vai polarizar tudo o que tenha a ver com a identidade portuguesa. Aliás, com a sua metódica banalização afectiva.
Desde a promoção das bandeiras nas janelas até às inúmeras campanhas publicitárias que se vão colar à selecção, o país vai viver como se não existíssemos a não ser através do futebol. Na prática, isso significa uma coisa muito simples que importa dizer simplesmente: são as forças do marketing, não os poderes políticos, que gerem as lógicas mediáticas.
Dispenso-me de insistir no simples facto de isto nada ter a ver com o gosto do futebol (até porque não me excluo desse gosto e dos rituais de espectador que ele implica). O que está em causa é o facto de o país viver tudo através do futebol. Seria preciso parar e pensar um pouco nisso. Mas o marketing, nos dias que correm, trabalha para ninguém pare — mais do que um modo de vida, a velocidade tornou-se a ideologia dominante.