sábado, maio 03, 2008

Depois do 25 de Abril

O ambiente geral é de cobardia intelectual ou indiferença existencial. Mas, apesar de tudo, no espaço político português, ainda há quem aceite lidar com as palavras amargas do Presidente da República, proferidas no passado dia 25 de Abril, avaliando o ambiente global em que vive (e é levada a viver) a juventude. No Diário de Notícias de hoje, evocando justamente o discurso de Cavaco Silva, Manuel Maria Carrilho escreve:

> (...) O que é importante é situar estes traços no âmbito das grandes transformações que afectam hoje o mundo dos jovens. Basta olhar para o seu modo de vida - 82% dos jovens europeus entre os 16 e os 24 anos passam por dia perto de duas horas na Net e cerca de três a ver televisão. E o tempo que "passam" na Net é sobretudo utilizado a trocar e-mails, a "descarregar" músicas ou filmes, a trocar ficheiros, a participar em fóruns ou a visitar blogues.
Daí que os problemas colocados remetam afinal para um outro - a generalização da cultura digital no mundo contemporâneo e a forma como essa generalização tem fomentado uma crescente subjectivação e tribalização dos cidadãos, uma progressiva virtualização e despolitização das suas actividades. (...)


Vale a pena ler este breve, mas incisivo, artigo intitulado 'A política dos jovens'. Não se trata de relançar o maniqueísmo dos "prós & contras". O 25 de Abril [cartaz de Vieira da Silva] foi mais rico, mais diversificado e também mais contraditório do que esse estilo corrente de (não) pensar. Trata-se, isso sim, de voltar a pensar. Começando pelos protagonistas da cena política.