Os ciclos do calendário assim o impõem. Com a aproximação do mês de Maio, começam a circular as memórias, os cartazes e as palavras de ordem, as certezas e as contradições, as interrogações do passado e as projecções do futuro a pretexto de Maio 68 -- 40 anos depois, os franceses, antes do mais, perguntam-se o que ficou (e como ficou) das convulsões do mês mais lendário da história da França na segunda metade do século XX.
O Libération, em particular, está a propor várias frentes de abordagem do tema. Hoje, por exemplo, a edição do jornal é feita pelos estudantes de Nanterre, onde, a 22 de Março de 1968, se desencadeou a revolta que conduziria aos acontecimentos de Maio. E há uma conversa que vale a pena ler. É entre Jean-Pierre Le Goff, filósofo e sociólogo (autor de Mai 68, l´Héritage Impossible), e Jérôme Vidal, editor e escritor (de quem se anuncia, para Abril, o estudo La Fabrique de l' Impuissance - La Gauche, les Intelectuels et le Libéralisme Securitaire) -- são reflexões avessas a maniqueísmos ideológicos e que não descartam o facto, afinal essencial, de a história de Maio 68, para o melhor e para o pior, ser inseparável das suas muitas apropriações simbólicas. Ficam estas palvras sugestivas de Vidal: "No fundo, 68 é um outro nome da política no sentido pleno do termo e aqueles que se irritam com 68 são precisamente aqueles que não querem, de maneira alguma, a repolitização da sociedade."
O Libération, em particular, está a propor várias frentes de abordagem do tema. Hoje, por exemplo, a edição do jornal é feita pelos estudantes de Nanterre, onde, a 22 de Março de 1968, se desencadeou a revolta que conduziria aos acontecimentos de Maio. E há uma conversa que vale a pena ler. É entre Jean-Pierre Le Goff, filósofo e sociólogo (autor de Mai 68, l´Héritage Impossible), e Jérôme Vidal, editor e escritor (de quem se anuncia, para Abril, o estudo La Fabrique de l' Impuissance - La Gauche, les Intelectuels et le Libéralisme Securitaire) -- são reflexões avessas a maniqueísmos ideológicos e que não descartam o facto, afinal essencial, de a história de Maio 68, para o melhor e para o pior, ser inseparável das suas muitas apropriações simbólicas. Ficam estas palvras sugestivas de Vidal: "No fundo, 68 é um outro nome da política no sentido pleno do termo e aqueles que se irritam com 68 são precisamente aqueles que não querem, de maneira alguma, a repolitização da sociedade."