Como diria a pequenita de Poltergeist: "They are coming..." — neste caso, são as imagens (e palavras) de Madonna, empenhada em envolver o lançamento do seu novo álbum (Hard Candy, 28 Abril) num exercício perverso de um narcisismo calculadamente ambíguo, isto é, sempre muito político. A saber: em que imagem me revejo? Ou ainda: de que modo a minha imagem lida com a expectativa dos outros?
Depois da capa do disco, e a julgar pelo dossier da edição de Abril de Dazed & Confused, dominam as associações a iconografias várias da luta e do esforço físico — com fotos do sempre fiel, e sempre brilhante, Steven Klein. Além de uma excelente entrevista, assinada por Jefferson Hack, a revista propõe nada mais nada menos que 70 páginas de tributo à Material Girl, com outras imagens e outras reinvenções do seu universo temático e simbólico. Da entrevista, retenhamos esta pérola de pedagogia sobre o entertainment: "A vida é paradoxal e é preciso aceitar isso no nosso trabalho e nas nossas crenças... não se pode tomar as coisas à letra, e as pessoas acabam sempre enredadas nisso. É por isso que, com as minhas coisas [my stuff], as pessoas dão de caras com uma parede, porque não é possível tomá-las à letra."