segunda-feira, março 10, 2008

Ecos da cave

No mês que assinala a chegada de Go Away While, o mais recente (e também o menos cativante) álbum dos Bauhaus, o Sound + Vision propõe uma galeria de memórias de som e visão, recordando canções e momentos-chave de um dos mais influentes grupos do pós-punk britânico, assim como das vidas a solo que a sua separação gerou. Até agora, os Bauhaus somaram três vidas. Uma primeira, de 1978 a 1983, na qual definiram uma forma minimalista de abordar linguagens da cultura rock alternativa, procurando, com um mínimo de recursos, um máximo de intensidade emocional. Confessos herdeiros de mestres do glam rock, dos T-Rex a David Bowie, sem esquecer Brian Eno (na primeira etapa a solo, pós-Roxy Music), adoptaram uma pose de palco igualmente teatral, contudo celebrando as sombras, a escuridão, os caminhos onde o medo habitualmente habita. A sua imagem, assim como as temáticas exploradas nas canções, fizeram deles pioneiros de um modo de estar na música que acabou rotulado, pouco depois, como rock gótico. Separados em 1983, geraram projectos vários a solo como os Love & Rockets, Tones On Tail e Dali’s Car, assim como carreiras em nome próprio de Peter Murphy, Daniel Ash e David J. Em 1998, para inesperado deleite de uma nova geração de admiradores que descobrira a sua música depois da seperação de 1983, regressaram numa “ressurreição” que se apresentava, apenas, feita para recordar memórias em palco e nada mais. Deram o dito por não dito em 2005, com mais uma série de concertos. E em 2006 regressaram a estúdio para gravar mais um álbum, o seu primeiro de originais que, na sequência de um certo incidente em estúdio (de que nunca deram relato oficial), será, prometem, o seu canto do cisne...




Iniciamos a série de evocações de músicas, imagens e palavras da “família” Bauhaus com os próprios, em tempos de primeira vida. De 1981, este é o teledisco de The Passion of Lovers, o sexto single do grupo. O vídeo mostra, sem grandes requintes de pós-produção, uma actuação em palco, evidenciando a teatralidade da postura de Peter Murphy e o seu constante jogo cénico com o guitarrista Daniel Ash, outra das peças fulcrais do som e imagem do grupo.