Nada me move contra Mark L. Lester, cineasta americano nascido em 1946. Sobre os seus filmes, digamos que também não tenho nada a favor... Vejo-o como um daqueles artesão rotineiros dos chamados "filmes de acção", sejam eles um thriller mais ou menos habilidoso sobre duplos de cinema (Stunts, 1977) ou insuportáveis variações sobre os conflitos de gangs suburbanos (Class of 1984, 1982). Claro que um bom trabalho de artesão é sempre mais estimulante que um mau filme de autor... mas há coisas que superam a mais básica seriedade histórico-cinematográfica.
Eu explico. Há dias, acidentalmente, num site de DVDs, descobri que o filme que Arnold Schwarzenegger fez sob a direcção de Mark L. Lester — Comando (1985) — existe em edição de... autor! É verdade: com cenas nunca vistas e comentários do realizador, Comando está disponível, desde Setembro do ano passado, em director's cut.
O filme é um dos mais básicos e medíocres momentos da carreira de Schwaezenegger. Entenda-se: a importância de Schwarzenegger no entertainment contemporâneo não está em causa, até porque bastaria o brilhante Terminator 2 (1992), de James Cameron, para lhe garantir um lugar seguro na história dos filmes. Acontece que esta verdadeira histeria autoral promovida pelo mercado do DVD está a contribuir, como um vírus, para a banalização do cinema e do seu património.
Por vezes, há que reconhecê-lo, esse vício de ver um "autor" em tudo o que ponha algumas imagens a mexer (e sons a crepitar) não é estranho ao labor de alguma imprensa mais ou menos disfarçada de crítica de cinema... Seja como for, autores são Dreyer, Godard, Lynch... Mark L. Lester, sem ofensa, não tem sequer sentido do cut. Que Griffith nos acuda: director's cut?... Importa-se de repetir.
Eu explico. Há dias, acidentalmente, num site de DVDs, descobri que o filme que Arnold Schwarzenegger fez sob a direcção de Mark L. Lester — Comando (1985) — existe em edição de... autor! É verdade: com cenas nunca vistas e comentários do realizador, Comando está disponível, desde Setembro do ano passado, em director's cut.
O filme é um dos mais básicos e medíocres momentos da carreira de Schwaezenegger. Entenda-se: a importância de Schwarzenegger no entertainment contemporâneo não está em causa, até porque bastaria o brilhante Terminator 2 (1992), de James Cameron, para lhe garantir um lugar seguro na história dos filmes. Acontece que esta verdadeira histeria autoral promovida pelo mercado do DVD está a contribuir, como um vírus, para a banalização do cinema e do seu património.
Por vezes, há que reconhecê-lo, esse vício de ver um "autor" em tudo o que ponha algumas imagens a mexer (e sons a crepitar) não é estranho ao labor de alguma imprensa mais ou menos disfarçada de crítica de cinema... Seja como for, autores são Dreyer, Godard, Lynch... Mark L. Lester, sem ofensa, não tem sequer sentido do cut. Que Griffith nos acuda: director's cut?... Importa-se de repetir.