No filme Michael Clayton, ao contracenar com Sydney Pollack, George Clooney cumpre uma espécie de viagem simbólica eminentemente cinéfila e visceralmente americana. Dito de outro modo: o filme escrito e dirigido por Tony Gilroy é um herdeiro muito directo de uma tradição liberal que, justamente, tem em Pollack uma referência vital.
Basta lembrar títulos alguns títulos realizados por Pollack, como o melodrama The Way We Were/O Nosso Amor de Ontem (1973), o "thriller" Os Três Dias do Condor (1975) ou o drama de tribunal Absence of Malice/A Calúnia (1981) — o que os une é o conflito entre o individual e o colectivo, num processo contraditório de revelação da consciência ética de cada um, justamente uma matriz decisiva daquela tradição. E raras vezes vimos, como em Michael Clayton, uma tão subtil capacidade de expor todos esses problemas num espaço eminentemente moderno: o das alianças entre a advocacia e as grandes corporações económicas. Para que todas estas coisas façam (ainda mais) sentido, Pollack é também produtor de Michael Clayton, através da empresa de que é sócio, a Mirage Enterprises.