quinta-feira, fevereiro 14, 2008

BOLA DE BERLIM - 4
Recheio já visto

N.G.: CSNY Déjà Vu não é nome de uma qualquer variante, em registo de memória, de uma qualquer série televisiva. Trata-se do filme que Neil Young, sob o pseudónimo Bernard Sharkey, trouxe à 58ª edição da Berlinale. Mais que um filme musical, apesar de rodado na digressão que assinalou o reencontro dos míticos Crosby, Stills, Nash and Young, este é um documentário essencialmente político. A Freedomn of Speech Tour (assim se chamava a digressão) foi, assim, o ponto de partida para uma espécie de reflexão sobre o reencontrado poder da canção política na América actual. O teor crítico das canções lança deixas que as plateias escutam e segundo as quais reagem. O objecto do filme, mais que as canções, parece ser antes o seu efeito sobre as plateias [foto]. Pelo ecrã passam mães enlutadas por filhos desaparecidos no Iraque, histórias de ex-combatentes na primeira pessoa e até mesmo um marine que canta canções de protesto. Outra dimensão política, a que se estabelece entre quatro músicos em digressão passa também pela atenção da câmara. Todavia, apesar da condução da atenção jornalística estar centrada na figura de Mike Cerre (que assinou reportagens de guerra na ABC), o filme parte da curiosidade e objectivos de um realizador que, na verdade, é também objecto observado... Curioso, actual, mas distante de The Us Vs John Lennon, que acaba de ser editado em DVD no mercado portugues.
Outras notas em final de mais uma edição da Berlinale. Uma primeira para dar conta do favoritismo dos filmes de Paul Thomas Anderson, Mike Leigh e Errol Morris na competição. Outra para chamar a atenção para Lake Tahoe, segundo filme de Fernando Embikie (o mesmo de Temporada de Patos), dos mais elogiados por aqui... E para amanhã fica prometida uma crítica a Filth and Wisdom, filme que assinala a estreia na realização de Madonna (e que tem dividido as opiniões). A material girl passou pela Berlinale, revelou que prepara um segundo filme de ficção (com maior orçamento) e que prevê que este Filth ands Wisdom venha apenas a ser distribuído através de lojas digitais (nomeadamente o iTunes), com posterior edição em DVD. Humildade da senhora? Ou golpe de marketing com o fito de agitar os distribuidores?