Este texto foi publicado no Diário de Notícias (25 Jan.), com o título 'Sexo e violência' >>> Mundo bizarro este em que vivemos: a reapresentação dos episódios finais de A Vigária de Dibley, com a fabulosa Dawn French, um dos emblemas mais genuínos do mais popular humor britânico, terminou no passado domingo [dia 20]. Onde, num dos canais de grande audiência? Não, na RTP2. E a que horas, em pleno horário nobre? Não, já passava muito da meia-noite quando terminou.
Não admira que, num mundo assim, uma série tão extraordinária como Nip/Tuck nunca tenha conseguido verdadeira visibilidade nas televisões portuguesas. Sejamos realistas: não se trata (longe disso) de um produto para audiências generalistas nem haveria razões plausíveis para a programar às nove da noite. Centrada na actividade de dois especialistas em cirurgia estética (Dylan Walsh e Julian McMahon), esta é uma série verdadeiramente adulta, tanto pelos temas como pela audiência que visa. Em todo o caso, é infinitamente mais séria que alguns trabalhos de pura pornografia jornalística que nos são impingidos em nome da “informação”. É, acima de tudo, uma visão do mundo contemporâneo que toca num tema que a ideologia dominante não gosta de enfrentar. A saber: a relação de cada um com a sua imagem mediática.
Com os episódios da quarta temporada a passar no canal Fox Life, Nip/Tuck tem evoluído num sentido cada vez mais cru e desencantado. Não se trata, obviamente, de favorecer qualquer maniqueísmo (a favor ou contra a cirurgia estética). Trata-se, isso sim, de observar um universo social em que a falsidade afectiva passou a desempenhar um papel fulcral nas relações humanas e, sobretudo, na dificuldade de estabelecer qualquer tipo de cumplicidade.
Quais são, então, os verdadeiros temas de Nip/Tuck? Em boa verdade, podemos identificá-los através de dois rótulos que, em televisão, são quase sempre utilizados de forma esquemática e moralista. Ou seja: Nip/Tuck é uma série sobre sexo e violência. Entenda-se: a perturbação sexual que nos faz descobrir estranhos a nós próprios; a violência emocional que uma relação entre pessoas pode conter. Claro que nem sempre é fácil olhar para Nip/Tuck. Mas se queremos as ilusões da facilidade, sabemos onde procurá-las.
Não admira que, num mundo assim, uma série tão extraordinária como Nip/Tuck nunca tenha conseguido verdadeira visibilidade nas televisões portuguesas. Sejamos realistas: não se trata (longe disso) de um produto para audiências generalistas nem haveria razões plausíveis para a programar às nove da noite. Centrada na actividade de dois especialistas em cirurgia estética (Dylan Walsh e Julian McMahon), esta é uma série verdadeiramente adulta, tanto pelos temas como pela audiência que visa. Em todo o caso, é infinitamente mais séria que alguns trabalhos de pura pornografia jornalística que nos são impingidos em nome da “informação”. É, acima de tudo, uma visão do mundo contemporâneo que toca num tema que a ideologia dominante não gosta de enfrentar. A saber: a relação de cada um com a sua imagem mediática.
Com os episódios da quarta temporada a passar no canal Fox Life, Nip/Tuck tem evoluído num sentido cada vez mais cru e desencantado. Não se trata, obviamente, de favorecer qualquer maniqueísmo (a favor ou contra a cirurgia estética). Trata-se, isso sim, de observar um universo social em que a falsidade afectiva passou a desempenhar um papel fulcral nas relações humanas e, sobretudo, na dificuldade de estabelecer qualquer tipo de cumplicidade.
Quais são, então, os verdadeiros temas de Nip/Tuck? Em boa verdade, podemos identificá-los através de dois rótulos que, em televisão, são quase sempre utilizados de forma esquemática e moralista. Ou seja: Nip/Tuck é uma série sobre sexo e violência. Entenda-se: a perturbação sexual que nos faz descobrir estranhos a nós próprios; a violência emocional que uma relação entre pessoas pode conter. Claro que nem sempre é fácil olhar para Nip/Tuck. Mas se queremos as ilusões da facilidade, sabemos onde procurá-las.