Continuam os desenvolvimentos da maior crise da produção audiovisual dos EUA no século XXI: devido à greve dos argumentistas (cinema/te-levisão/rádio) — e ao continuado apoio que a greve tem recebido da comunidade dos actores —, foi cancelada a cerimónia dos Globos de Ouro da Associação da Imprensa Estrangeira de Hollywood. De acordo com um comunicado da HFPA, a cerimónia, marcada para o dia 13, no Beverly Hilton, foi anulada, apenas se realizando uma conferência de imprensa de uma hora de duração para anúncio dos vencedores.Esta decisão acaba por confirmar todos os sinais dos últimos dias, incluindo a anulação das festas pós-cerimónia por vários estúdios de Hollywood (Universal, Warner, HBO, etc.). Também o sindicato dos actores, Screen Actors Guild, já fizera saber que nenhum dos seus 70 nomeados nas categorias de interpretação (cinema e televisão) estaria presente na entrega dos Globos de Ouro.
Na origem desta situação estão as negociações (ou a falta delas...) para discutir a distribuição dos rendimentos gerados pelas novas formas de difusão dos produtos audiovisuais, nomeadamente na Internet. Fortemente combativa, e organizada com grande inteligência e eficácia, a comunidade dos criativos de Hollywood tem desenvolvido as mais variadas formas de divulgação dos seus pontos de vista. O site United Hollywood é a prova real disso mesmo: depois dos clips protagonizados por actores, começam a surgir os depoimentos de outras figuras da indústria — esta é a intervenção de Tony Gilroy, argumentista da trilogia de "Bourne", com Matt Damon, e realizador de Michel Clayton, com George Clooney.