sexta-feira, dezembro 07, 2007
E a viagem chegou ao CD
Integrado na série de edições de abertura da colecção Do Tempo do Vinil, o álbum de estreia de Jorge Palma é o único, do lote inaugural de lançamentos, que se limita a trazer ao tempo do CD apenas e nada mais que o alinhamento do LP original. A falta de “extras” não retira no entanto qualquer valor àquele que, destes títulos agora lançados (além deste, GNR, Manuela Moura Guedes, Tantra, salientando-se que o disco dos Sheiks é uma antologia dos seus EPs), era claramente o mais difícil de encontrar disponível, até mesmo nas feiras de coleccionismo. Lançado em 1975, o disco reflecte um tempo de saída do país, depois de um “chumbo” em engenharia, em 1973, e sem vontade, confessa no booklet, de partir para a guerra no “Ultramar”. Jorge Palma viveu então na Dinamarca, concebendo o disco em inglês, pensando então num possível entendimento com um qualquer editor em Inglaterra. A revolução devolve-o a Portugal e, primeira consequência de nova mudança, as canções sofrem o que agora descreve como uma “retrovisão para português”. Grava nos estúdios Valentim de Carvalho, com Hugo Ribeiro, sugerindo-lhe a criação de um “ambiente de casino”. Com Uma Viagem na Palma da Mão reflecte, sobretudo, um tempo de atenção ao rock progressivo. As canções traduzem os sabores do seu tempo, arranjos elaborados, intenções de teatralidade e cenografia e uma voz consideravelmente distinta da que hoje lhe conhecemos. Um “clássico” do prog português, a somar a álbuns igualmente representativos, mas frequentemente mais referenciados, dos Petrus Castrus e Tantra.