Ian não tem dinheiro para comprar os álbuns que quer ouvir, e por vezes rouba-os, escondendo-os debaixo do casaco. Ainda adolescente começa a materializar um sentido de rebeldia através de incursões em bares de bebidas alcoólicas sem licença e em primeiras ingestões de químicos, na forma de comprimidos, cheirando cola, fumando. Alguns dos comprimidos ingeridos são roubados a pensionistas que ele e amigos visitam em serviços sociais. Numa ocasião a aventura termina num hospital, com ordem de lavagem ao estômago. É nestes dias de vadiagem e conduta rebelde que se aproxima de Deborah, jovem suburbana que o idolatra e com ele se casa em 1975.
Ian tem o seu primeiro emprego a sério numa loja de discos, a Rare Records, no centro de Manchester. Nunca tinha estado tão próximo do mundo da música, e para ganhar o lugar na loja estuda com entusiasmo velhas edições de jornais e revistas. É aceite e colocado na secção pop, na cave.
Em Abril de 1974 Ian e Deborah estão noivos. Ian abandona o salário seguro na Rare Records, e monta uma banca no mercado de antiguidades de Butter Lane. Ia vender discos em segunda mão. O primeiro stock custa-lhe a própria colecção. E não poupa sequer a sua muito querida cópia de The Man Who Sold The World, de Bowie. Mas não faz nunca dinheiro suficiente para pagar a renda da desejada nova casa e acaba à procura de novo emprego. Encontra-o num departamento do Ministério da Defesa. O homem que sonhava em ser músico é agora um funcionário público, em horário das nove às cinco.
Depois de casados, Ian e Deborah mudam-se para uma casa própria em Oldham. No novo bairro são como alienígenas, não têm amigos nas redondezas. Afável, conversador, Ian abre a porta a toda a gente. Um dia, o candidato liberal à autarquia local bate à porta. Vende o seu discurso... Reaparece no dia da eleição para transportar, de carro, Ian e Deborah à mesa de voto. Mas, como sempre, Ian vota nos conservadores. E convence Deborah a fazer o mesmo, não fosse um voto em contrário anular o seu!
(continua)