sexta-feira, outubro 19, 2007

Para reencontrar a ficção científica (17)

Theodore Sturgeon
(1918-1985)


Muitos dos autores publicados antes da mudança de atitudes da sociedade em geral para com a literatura de ficção científica (entre os anos 60 e 70) acabaram arrumados em prateleiras esquecidas, alguns deles tendo inclusivamente sido entre os mais lidos e respeitados nos anos 40 e 50. Eis um caso, entre muitos que aqui poderíamos evocar. Foi um crítico do género e, inclusivamente, autor de uma tese (por muitos defendida como “lei de Sturgeon”) que apontava como dispensável grande parte da produção de ficção científica.

Edward Hamilton Waldo nasceu a 26 de Fevereiro de 1918 em Staten Island (Nova Iorque). O nome pelo qual acabaria por ser conhecido, Theodore Srurgeon, data de 1929, quando a mãe se divorcia e casa de novo com William Sturgeon. Não só adoptou o nome do padrasto como mudou o primeiro nome para Theodore, porque gostava da alcunha pela qual era tratado: Ted. Foi, apesar de mais tarde reconhecido como escritor, um homem de muitos ofícios. Em adolescente chegou a sonhar em trabalhar como acrobata num circo, mas uma febre reumática acabou por afastá-lo desse futuro. Aos 17 anos viu-se a bordo de um navio da marinha mercante, onde coleccionou memórias que mais tarde projectaria na escrita. Depois vendeu bebidas porta a porta, foi gerente de um hotel nas Antilhas, trabalhou na construção civil em Porto Rico, onde também passou por uma estação de serviço e uma garagem onde lubrificava camionetas. Durante a II Guerra trabalhou também para o exército americano e numa agência de publicidade. Por essa altura começou a escrever, como free lancer, para televisão e para uma agência literária, chagando depois a assinar regularmente textos em revistas como a Fortune ou a Time.
Por essa altura tinha já vendido o seu primeiro conto. Foi em 1938. Um ano depois assinava, pela primeira vez, na Astounding Science Fiction o conto Ether Breather, o sei primeiro ensaio nos domínios da ficção científica. Durante os primeiros anos de trabalho literário publicou essencialmente contos em diversas revistas, muitos deles depois reunidos em antologias lançadas nos anos 50 e 60. A sua obra inclui, todavia, uma série de romances, o mais marcantes dos quais, More Than Human (1953) tendo-lhe valido aplausos na crítica e garantido atenções nos circuitos literários mainstream. Venus Plus X foi, pouco depois, um espaço de importante reflexão sobre sexualidade em contexto sci-fi. As qualidades literárias da sua escrita foram várias vezes sublinhadas em textos críricos, alguns nela reconhecendo um sentido de ritmo característico. Nos anos 60 foi um dos argumentistas desafiados por Gene Roddenberry a trabalhar para a série Star Trek. Entre as suas participações conta-se o célebre episódio Amok Time (de 1967, cuja novelização publicaria em 1978), no qual “inventou” o pon farr, o ritual ligado ao casamento entre os nativos do planeta Vulcan.
Nas últimas décadas de vida foi presença regular em convenções de ficção científica, em algumas delas tendo apresentado a música para guitarra que compunha nas horas vagas. O escritor morreu a 8 de Maio de 1985, no Oregon, vítima de uma pneumonia.


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Alguns títulos fundamentais:
1950.
The Dreaming Jewels
1953. More Than Human (Mais Que Humanos, Caminho)
1958. The Cosmic Rape
1960. Venus Plus X
1961. Some Of Your Blood