
De vez em quando, as coisas realmente revolucionárias acontecem mesmo ali, ao virar da esquina, e distraidamente nem reparamos... Esta notícia, via
The New York Times, poderá ser um desses acontecimentos: pela primeira vez, um filme da produção independente dos EUA vai ser lançado directamente no
iTunes americano. Que é como quem diz: sejam quais forem as suas qualidades, esse filme —
Purple Violets, de Edward Burns [foto de rodagem] — entra directamente para a história do cinema e, muito em particular, para a história das relações (
in progress) entre filmes e cinema, indústria cinematográfica e plataformas informáticas.

Claro que, já há algum tempo, e a par da música, o iTunes tinha começado a integrar conteúdos "cinematográficos", das curtas-metragens aos telediscos, passando pelos trailers. Em todo o caso, há uma diferença de grau que, desta vez, importa sublinhar: na verdade, e apesar de todas as convulsões do mercado audiovisual, a
longa-metragem (e, muito em particular, a longa-metragem de ficção) continua a ser um objecto indissociável das salas, do seu papel comercial e social, e até do seu valor simbólico. Agora, com
Purple Violets, a Net passa a funcionar como primeira montra (legal) de um filme.
Edward Burns tinha mostrado o filme no passado mês de Maio, no
Tribeca Film Festival, sem conseguir mobilizar o interesse de nenhum distribuidor — agora, mais exactamente a partir de 20 de Novembro,
Purple Violets será objecto de download. Para que conste, Burns acumula as funções de produtor, realizador, argumentista e protagonista, estando os outros papéis principais entregues a Selma Blair, Patrick Wilson, Debra Messing e Dennis Farina.
Que se segue? Cada vez mais filmes a surgir directamente na Net? Ou a possibilidade de filmes lançados na Net terem uma "segunda vida" nas... salas? Está tudo em aberto.