quarta-feira, outubro 10, 2007

As histórias do Quarteto 1111

Mais que uma mera biografia musical, o livro As Lendas do Quarteto 1111, de António Pires, é um olhar conciso e objectivo sobre o Portugal de finais de 60 e inícios de 70 que neste grupo conheceu, de facto, a sua primeira grande manifestação de personalidade criativa em domínio pop/rock. O livro, que acaba de chegar aos escaparates em lançamento da Ulisseia, percorre memórias, quase sempre na primeira pessoa de todos os músicos envolvidos no projecto. Sabe que há um antes e um depois, seja no Conjunto Mistério ou nos Green Windows, seja no lugar onde estas histórias acontecem ou com os seus protagonistas.

Como explicou ontem António Pires em conversa ao DN, “A música é só 20 por cento do texto, porque o resto são histórias e o tempo deles. Há coisas mais pessoais, como o sexo, o consumo de drogas, de álcool, o contexto político”... O autor do livro, para quem o Quarteto 1111 foi o melhor grupo pop/rock português até aos finais dos anos 70, lembra que, na altura foram “um caso único. Soavam ao que se fazia no seu tempo, lá fora, mas tinham uma carga de portugalidade fortíssima, que os levava a cantar sobre El Rei D. Sebastião ou D. Inês”. Importante para si, e o livro sublinha-o, foi a consciência política que as suas canções mais tarde demonstraram, tendo de facto sido o Quarteto 1111 o único grupo pop/rock português a ver um disco seu resgatado pela censura. Com apenas 132 páginas e um corpo central de imagens, lê-se de um fôlego. São histórias, muitas histórias, algumas que lembram sons, outras contando como era o país e o tempo em que estas canções surgiram. Um pedaço de história pop para ajudar a contar a história de todos nós.