O talento de Debussy foi descoberto muito depois deste iniciar um trabalho regular na composição. Tinha entrado no Conservatório de Paris aos 12 anos, sonhando numa carreira como pianista de concerto. Frustrado o sonho, não se afastou do piano, e compôs, mesmo que inicialmente quase sem reconhecimento (apesar de vencer um ocasional prémio, em Roma, em 1884). Exigente, talvez demasiado exigente consigo mesmo, não aceitava publicar as obras que não considerava dignas de ser publicamente mostradas. Só assim se explica que muitas das peças que Alain Planès agora grava em Images tenham surgido publicamente muito depois de compostas, algumas inclusivamente reveladas apenas depois da morte do compositor. Apesar do carácter disperso das obras recolhidas neste disco, há aqui elementos suficientes para reconhecer, ainda que sem o impacte de obras futuras (como os marcantes La Mer ou Pelléas et Melissande), como a música de Debussy sabia, ao mesmo tempo, herdar pedaços da história (nomeadamente a forma da suite barroca) e visionar um futuro feito de novos desafios e mais largos horizontes onde cabiam novos exotismos e sinais de uma curiosidade pela repetição.
PS. Os amantes da música pop, que eventualmente tenham começado a descobrir Debussy com o álbum The Seduction of Claude Debussy, que os Art Of Noise lhe dedicaram em 1998, aqui podem encontrar muitas das composições que serviram de ponto de partida às reflexões e transformações que esse soberbo disco então revelou.