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Que tristeza este mercado que não sabe defender as comédias... Os
blockbusters têm direito a todos os aparatos e promoções, mas uma simples comédia "à moda antiga" cai por aí no meio da confusão... Estou a falar, entenda-se, de um filme brilhantíssimo que dá pelo nome de
Morte num Funeral (
Death at a Funeral). Como se prova, o cómico não é exactamente uma mera acumulação de personagens adolescentes com ar pateta, a contar anedotas obscenas... O cómico é uma arte sofisticada da situação e da palavra, do sentido do tempo e da métrica dos
gags.
Morte num Funeral consegue ser, de uma só vez, um retrato subtil de uma maneira de viver muito
british e um delicioso exercício sobre a nitidez cruel da morte face ao arbitrário da vida. O argumento de Dean Craig merece, no mínimo, nomeação par Oscar. E a realização do veterano
Frank Oz (
Bowfinger,
Mulheres Perfeitas) é um prodígio de elegância e precisão — afinal de contas, entre 1976 e 1981, ele foi uma das peças nucleares do
show de
Os Marretas.
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