Texto publicado na revista de televisão do Diário de Notícias (27 de Julho), com o título 'Uma série de ouro (e erva)' >>> É sempre compensador descobrir que a ficção televisiva não tem que se acomodar à preguiça técnica e criativa das novelas. E tanto mais quanto vivemos num país em que os canais generalistas mantêm opções de programação que resistem a qualquer hipótese de diversificação, relegando quase tudo o que escape à norma “telenovelesca” para horários mais ou menos impossíveis para o comum dos cidadãos.
Desta vez, a surpresa, ou melhor, a confirmação vem de Weeds, série norte-americana de episódios de 30 minutos, lançada pela RTP2 com o título Erva (segunda-feira, 22h40). Criada pela argumentista e produtora Jenji Kohan, Erva possui a eficácia de uma naturalidade que se cruza com o insólito. Afinal de contas, a protagonista é uma mulher que enviuvou relativamente jovem e que, para sustentar a família, começa a comercializar marijuana...
Não encontramos, aqui, nenhum sublinhado “sociológico” que reduza personagens e situações a índices abstractos das transformações de usos e costumes. Tal resulta de dois princípios fundamentais: em primeiro lugar, o de recusar a hipocrisia de qualquer descrição moralista das relações sociais num contexto tão particular como podem ser os subúrbios mais ricos de Los Angeles: depois, o de fazer viver (e valer) cada personagem para além de qualquer estereótipo, seja ele familiar ou profissional. Para além da excelência da escrita de argumento (e diálogos), estamos perante um fabuloso leque de actores liderado pela subtil, paradoxal e desconcertante Mary Louise Parker, uma daqueles excelentes secundárias americanas (recordemo-la, por exemplo, em Grand Canyon, de Lawrence Kasdan) a quem faltava uma oportunidade de ouro como esta.
Fica uma dúvida prática: que terá levado a RTP2 a programar sucessivamente dois episódios, para mais com uma ligação abrupta e desagradável, amputando os genéricos (aliás, no seu site oficial, a RTP2 anunciava a transmissão de um único episódio)? De facto, e apesar da generalização do consumo deste tipo de produtos em DVD, não parece haver nenhuma razão pertinente para “dilatar” o tempo de emissão de uma série concebida para ser vista, semana a semana, em episódios de meia hora. Seja como for, Weeds/Erva pertence à galeria de luxo da melhor ficção televisiva.
Desta vez, a surpresa, ou melhor, a confirmação vem de Weeds, série norte-americana de episódios de 30 minutos, lançada pela RTP2 com o título Erva (segunda-feira, 22h40). Criada pela argumentista e produtora Jenji Kohan, Erva possui a eficácia de uma naturalidade que se cruza com o insólito. Afinal de contas, a protagonista é uma mulher que enviuvou relativamente jovem e que, para sustentar a família, começa a comercializar marijuana...
Não encontramos, aqui, nenhum sublinhado “sociológico” que reduza personagens e situações a índices abstractos das transformações de usos e costumes. Tal resulta de dois princípios fundamentais: em primeiro lugar, o de recusar a hipocrisia de qualquer descrição moralista das relações sociais num contexto tão particular como podem ser os subúrbios mais ricos de Los Angeles: depois, o de fazer viver (e valer) cada personagem para além de qualquer estereótipo, seja ele familiar ou profissional. Para além da excelência da escrita de argumento (e diálogos), estamos perante um fabuloso leque de actores liderado pela subtil, paradoxal e desconcertante Mary Louise Parker, uma daqueles excelentes secundárias americanas (recordemo-la, por exemplo, em Grand Canyon, de Lawrence Kasdan) a quem faltava uma oportunidade de ouro como esta.
Fica uma dúvida prática: que terá levado a RTP2 a programar sucessivamente dois episódios, para mais com uma ligação abrupta e desagradável, amputando os genéricos (aliás, no seu site oficial, a RTP2 anunciava a transmissão de um único episódio)? De facto, e apesar da generalização do consumo deste tipo de produtos em DVD, não parece haver nenhuma razão pertinente para “dilatar” o tempo de emissão de uma série concebida para ser vista, semana a semana, em episódios de meia hora. Seja como for, Weeds/Erva pertence à galeria de luxo da melhor ficção televisiva.