quarta-feira, agosto 01, 2007

Para redescobrir a ficção científica (6)

Depois de uma introdução, ao longo dos próximos dias aqui apresentaremos uma galeria de alguns dos escritores mais representativos do género.

Frank Herbert
(1920 – 1986)


Conhecido, acima de tudo, pela saga Dune, em cinco volumes, de cuja adaptação nasceu um filme de David Lynch com o mesmo título, Frank Herbert assinou vasta obra, dividida entre o romance, o conto, o ensaio, tendo também publicado um único livro de poemas, em 1971.
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Frank Patrick Herbert nasceu em Tacoma (Washington, EUA), a 8 de Outubro de 1920) e desde cedo teve como ideia fixa a vontade de ser escritor. Vontade tão obsessiva que, em 1939, mentiu sobre a sua idade para entrar no seu primeiro emprego, como jornalista no Glendale Star. Durante a guerra trabalhou como fotógrafo para a marinha americana. Depois da paz assinada regressou ao jornalismo, escrevendo para jornais de Washington e Ohio, trabalhando depois como editor em revistas na Califórnia, durante dez anos. Apesar de alguns contos publicados em pulps dos anos 40, a sua carreira como autor de ficção começou de facto em 1955, com The Dragon In The Sea, romance no qual usou o ambiente de um submarino do século XXI para explorar um debate entre loucura e sanidade.
No final da década de 50 começou as pesquisas para Dune, um novo romance, que afinal se revelaria de extensão épica, daí resultando cinco romances publicados entre 1965 e 1984 (os primeiros dos volumes inicialmente apresentados num seriado na revista Analog, de 1963 a 65). Dune, onde a importância da tecnologia é secundarizada com vista a uma concentração de atenções no Homem, foi o primeiro romance de ficção científica a tomar a ecologia como um dos seus contrafortes, os outros socorrendo-se da intriga política, económica e religiosa, a luta pela sobrevivência e uma valente dose de metáforas sobre os cancros que corroem o poder. Em Dune, Herbert explora ainda as potencialidades não conhecidas do uso da mente. A noção de liderança, de resto, é tema frequente na obra de Frank Herbert, várias as ocasiões em que reflecte sobre a forma como estadistas carismáticos geram servidão cega entre as massas. A natureza da loucura e sanidade é ainda outro dos seus campos de reflexão, assim como, e por influência de estudos de semântica de Korzybski, a forma como a linguagem molda o pensamento.
Dune, que ofusca habitualmente a restante obra de Herbert, é o mais vendido livro de ficção científica de sempre e a saga, a mais popular do género à escala global.


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Alguns títulos fundamentais:
1955.
The Dragon And The Sea
1965. Dune (Livros do Brasil, 2006)
1968. A Barreira (Livros do Brasil, 1984)
1973. Hellstrom’s Hive
1976. Children Of Dune