Noite de 8 de Julho: Aula Magna quase cheia para o concerto de Pat Metheny com o trio de Brad Mehldau — mais de duas horas (com dois encores) de um sereno encantamento, versátil mas nunca exibicionista, subtil e carregado de cumplicidades.
Digamos que a ligação entre a guitarra de Metheny e o piano de Mehldau tem algo de "incorrecto": a guitarra está no lugar de um instrumento de sopro e, mesmo quando se cola ao baixo de Larry Grenadier, tem sempre tendência a assumir-se como líder do grupo. Não que isso seja vivido com incomodidade. Bem pelo contrário. Mas dir-se-ia que é também por isso que Mehldau e Metheny começam o concerto em dueto (quatro temas), por assim dizer mostrando quais as leis do seu encontro e a amplitude das suas trocas.
Depois, tudo se passa como se fossem apenas 3 + 1, com o piano, sempre discretamente presente, aceitando dar muito maior protagonismo à guitarra. Ou melhor, às guitarras, já que Metheny usa quatro ao longo do concerto, incluindo a extraordinária Pikasso I [foto], de 42 cordas, criada pela canadiana Linda Mazer. Nem mesmo os longos (e admiráveis) solos de Jeff Ballard na bateria desmancham a pose global do trio feito quarteto: assistimos a um exercício de puro jazz, praticado com a precisão de um ritual classicista.