Glorioso concerto no Centro Cultural de Belém (22 de Julho, 21h00)
— o Esbjörn Svensson Trio (e.s.t.) trouxe da Suécia um jazz universal, tão universal e ao mesmo tempo tão desconcertante, que se mostra capaz de desafiar barreiras e superar convenções, conservando uma energia primitiva a que, à falta de melhor, e para conduzir o paradoxo até ao seu ponto máximo de tensão, apetece chamar sinfónica.
— o Esbjörn Svensson Trio (e.s.t.) trouxe da Suécia um jazz universal, tão universal e ao mesmo tempo tão desconcertante, que se mostra capaz de desafiar barreiras e superar convenções, conservando uma energia primitiva a que, à falta de melhor, e para conduzir o paradoxo até ao seu ponto máximo de tensão, apetece chamar sinfónica.
Svensson, no piano, Dan Berglund, no contrabaixo, e Magnus Öström, na bateria, possuem essa impecável formação clássica que, com uma segurança plena de elegância, lhes permite passar do dispositivo tradicional do trio-de-jazz para surpreendentes paisagens sonoras capazes de integrar tanto os festivos efeitos de algum pop/rock como as incríveis arestas de uma electrónica que, em boa verdade, afecta os três instrumentos (Berglund consegue, por vezes, pôr o seu contrabaixo a funcionar como uma transfigurada e genial guitarra eléctrica!). Alguns temas do mais recente álbum do trio — Tuesday Wonderland (Act/Dargil) — serviram para ilustrar essa vocação plural.
Tudo isto, entenda-se, acaba por ser mais jazzístico que muitas atitudes veneradoras da obrigatória "confirmação" dos clássicos, transformando um concerto do e.s.t. numa cerimónia que não renega — antes integra de forma brilhante — os mais simples recursos cénicos do palco. Assim, para além do impecável jogo de luzes, importa sublinhar a sóbria utilização das imagens de video: as mãos de cada um dos intérpretes são captadas por câmaras "invisíveis", dando origem a imagens que, sobretudo acompanhando os respectivos solos, são projectadas no fundo do palco a partir de um projector que, da esquerda para a direita, introduz uma ligeira deformação no próprio quadro do ecrã (aliás, as imagens também são tratadas com diversos contrastes ou distorções). O resultado é um espectáculo em que a máxima sofisticação coincide com a mais desarmante transparência, permitindo-nos fruir a mágica gestação da música.