A nova versão da velha coluna, em formato semanal e digital...
Somos verdes
A culpa não é de Al Gore. De resto, há muito que o mundo devia ter acordado para a necessidade (ou mesmo inevitabilidade) de uma política que, a bem da sobrevivência da espécie humana sobre este naco de rocha no espaço, não pode mais deixar de ter o ambiente senão como prioridade. Mas quem resiste a um ex-futuro presidente dos EUA? A sua “conferência” em digressão na forma de roadshow ganhou fôlego. Fez-se livro e filme. Gore foi aos Óscares, e quase disse o que queria mesmo dizer (que se candidatava)... O seu mérito é o de ter, finalmente mediatizado uma atitude verde. Mas, e por muito que o ex-vice de Clinton sempre se tenha batalhado pela questão, não vamos a ele reduzir os méritos das mudanças, ainda ténues, em curso. Já havia consciência ecologista em muito boa gente e instituição antes de Gore. E, por justa que seja a “sua” defesa da causa, ainda ninguém me convenceu que não seja a mais genial (e cool) estratégia pré-presidencial de sempre...
Mediatizada, a coisa verde agora parece que é condição necessária (e, para muitos, suficiente) para qualquer coisa existir com uma certa dignidade. Agora todos somos verdes. Não apenas o Shrek, portanto.
A Rolling Stone, a mais política das revistas sobre cultura pop, vai ser verde. Ou seja, vai publicar a sua edição de dia 28 num tipo de papel cujo fabrico tem impacte menos agressivo sobre o ambiente (nada contra, antes pelo contrário)... Não se trata de papel reciclado, como alguns chegaram a noticiar... Mas lá terá Al Gore como entrevistado na edição... erm... verde.
Entretanto, à Billboard, Jack Johnson diz que vai reformular o seu estúdio para o fazer mais amigo do ambiente. E, claro, anuncia logo que vai gravar novo álbum, com o produtor não sei quantos...
O verde pop chega entretanto aos festivais. O Oeiras Alive, que musicalmente mostrou como uma bela programação pode ser versátil e apelativa em várias frentes, tinha supostamente uma mensagem... verde. Os promotores chegaram a chamar a atenção para a coisa, mas como nos mundos melhores que outros apregoam à pala de rock em Lisboa, parece que foi mais coisa para jornal ler que para o público presente reflectir.
PS. E quantos mais festivais de 2007 serão... verdes?