A moda parece que pegou. Depois de Lou Reed o ter começado a fazer com Berlin e, mais recentemente, os OMD com Architecture & Morality, agora é a vez dos Human League anunciarem que a sua próxima digressão, a agendar no fim do ano, os vai colocar em palco para apresentar na íntegra, de fio a pavio, o clássico Dare!. O primeiro dos concertos, em Londresm assinala o 30º aniversário da banda. Entretanto, poderemos vê-los, num alinhamento mais variado, em concerto no dia 30 deste mês, no Cocunuts, em Cascais.
Em 1981 Dare! foi o álbum que definitivamente colocou a pop electrónica na ordem do dia e ao alcance do grande público, vencendo assim uma primeira etapa de vida underground. A banda, com pré-história electrónica experimentalista em Sheffield, quando assinava como The Future, foi das primeiras a ensaiar modelos de aproximação à canção pop, curiosamente no mesmo ano em que os "mestres" Kraftewerk lançavam o álbum The Man Machine. Being Boliled (de 1978) era o início de um percurso de ensaios, sobretudo registados nos álbuns Reproduction (1980) e Travelogue (1980). Ensaios e visões que dividiram o núcleo criativo da banda em dois, Martyn Ware e Ian Craig Marsh afastando-se para criar a British Electric Foundation (de onde emergeriam os Heaven 17), Phil Oakey recrutando nova companhia para seguir rota mais luminosa, mais acessível. Dare! surge desta opção. Um álbum visionário no seu tempo, onde todavia não se perde de todo a face mais sombria dos velhos Human League, bem presente em temas como Seconds, I Am The Law ou Things That Dreams Are Made Of, esta última já a seguir recordada em recente actuação ao vivo...