terça-feira, junho 12, 2007

Operação Tributo

Ano Bowie, 49
"Bowie Mania", Disco de Tributo, 2007
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Apesar de nunca ter sido alvo de uma “operação tributo”, David Bowie é dos artistas que mais álbuns com colecções de versões de temas seus tem no mercado, muitas delas nada mais que aglomerados de gravações originalmente lançadas em álbuns, singles e lados B dos respectivos autores das mesmas versões. Bowie Songbook (Connoisseur, 1997) é uma antologia genérica de versões, com participações de nomes como os de Blondie, Bauhaus, Sigue Sigue Sputnik, Duran Duran ou Billy McKenzie. Também genérica, Starman (editada pela revista Uncut, em 2003) recolhe algumas versões já conhecidas, mas regista algumas expressamente gravadas para a ocasião, entre as quais as colaborações de Ian McCulloch, Edwin Collins e Alejandro Escovedo. Temática, Goth Oddity (Cleópatra, 1999) é uma homenagem de bandas de rock gótico a um dos seus mestres (The Mission, Alien Sex Fiend e Gene Loves Jezebel no alinhamento). Mais recente, Oh! You Pretty Things (Castle Music, 2006) reúne uma série de versões históricas, muitas delas gravadas nos anos 70, juntando Lulu, Mick Ronson, Donovan ou as Astronettes, entre outros. Um historial de homenagens a Bowie não pode esquecer o “franchise” de cordas The String Quartet Tribute To David Bowie (Vitamin Records, 2002) e o atípico conjunto de reinvenções do brasileiro Seu Jorge em The Life Aquatic Studio Sessions (2005).
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Bowie Mania (Naïve/Symbiose), agora editado entre nós, surge portanto como o primeiro tributo, de facto, a David Bowie. A ideia é de Béatrice Ardisson (que tem assegurado a construção de uma série de compilações na sua série “Mania”). E junta algumas versões já antigas (como as de Yann Tiersenn ou The String Quartet) a uma série de leituras novas, na sua maioria por artistas franceses. Como é norma, as variações nas abordagens (e a sua eficácia) são distintas e irregulares ao longo do alinhamento. Emily Simon aplica uma pop sofisticada (com marcas vocais de admiração por Kate Bush) a Space Oddity. Medi & The Medicine Show despem Rebel Rebel da electricidade, e quase fazem uma leitura à Seu Jorge, mas sem tocar na letra (nem no inglês). Mais interessante, a reinvenção de This Is Not América sob contaminação latina é uma das mais curiosas abordagens do alinhamento. Viço na abordagem Botox a Fashion. No oposto, a banal versão de Ziggy Stardust parece indigente manobra de banda que se julga cool (mas não é). Pouco imaginativas, também, as abordagens rock trálálá a John I’m Only Dancing e Heroes (esta a citar U2 por todo o lado). Rhonda Harris aborda China Girl como se fosse Leonard Cohen (nada contra!). Aplauso ainda para uma bela leitura chupitupitupitu de The Man Who Sold The World. Apesar dos tiros ao lado, saldo positivo (mas dispensava-se a estafada ideia da faixa escondida, onde se encontra uma versãozinha coral de Space Oddity).
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O alinhamento:
1. "Space Oddity" - Emilie Simon
2
. "The Jean Genie" - Paco Volume
3. "Life on Mars" - Yann Tiersen & The Divine Comedy
4. "Rebel Rebel" - Medi & The Medicine Show
5. "This is not America" - Microsillon feat. Eugénie Alquezar
6. "Changes" - Los Chicros
7. "Ziggy Stardust" - The Gourds
8. "All the Young Dudes" - The New Standards
9. "John I'm Only Dancing" -
Ask The Dust
10
. "China Girl" - Rhonda Harris
11. "Ashes to Ashes" - The String Quartet
12. "Fashion" – Botox
13. "The Man Who Sold the World" – Cocosuma
14. "Heroes" - Sacha Sieff & Manuel Armstrong
15. "Jean Baltazaarrr" - Arno & Beverly Jo Scott