PS. Texto publicado na revista Op
sábado, junho 16, 2007
O futuro era assim
Diferente entre os diferentes, O Planeta Proibido foi, em 1956, raro episódio de super-produção num tempo em que, longe ainda da ousadia transformadora de Kubrick em 2001: Odisseia no Espaço, a ficção científica vivia uma fase de alma ligeira no cinema, com oferta, muita, nas séries B a Z, ou mesmo sub-Z... O orçamento de excepção com que Fred McLeod Wilcox contou por parte da MGM (ao nível do que então o estúdio atribuía aos seus musicais) permitiu-lhe a criação de cenários invulgarmente elaborados, naves e gadgets, entre os quais o hoje mitificado Robby The Robot, uma peça de “design” futurista imaginando, à luz das mais ousadas visões de meados de 50, o que seria um robot inteligente, multiusos e amigável. Mas, e apesar da relativa superficialidade das personagens e pouco expressiva direcção de actores, O Planeta Proibido não deve o seu estatuto de culto apenas a uma montra farta e cara de geringonças e cenários. A história, inspirada n’A Tempestade de Shakespeare, desvia o medo habitual nos filmes de naves e alienígenas da época das ameaças exteriores para o espaço dos demónios interiores, explorando assim terrenos invulgares neste departamento. Igualmente histórica é a espantosa e inovadora banda sonora, assinada por Louis e Bebe Barron, integralmente feita de sons electrónicos criados no seu estúdio caseiro. Esta edição junta ao filme (com som remasterizado) uma suculenta oferta de extras, entre os quais uma série de documentários (sobre a ficção científica nos anos 50, sobre o legado deste filme, sobre Robby) e outros filmes onde o robot aqui criado foi protagonista.