Texto publicado no Diário de Notícias (14 de Junho), com o título 'Como filmar o amor e as suas paisagens' >>> Ao filmar uma versão alternativa de O Amante de Lady Chatterley, de D. H. Lawrence, Pascale Ferran tem a consciência clara de que não está apenas a propor uma nova visão de um título clássico da literatura europeia do século XX. Trata-se também de desafiar as convenções correntes do romanesco cinematográfico e de muitas narrativas televisivas.
Ironicamente, o filme foi concebido para as salas de cinema e também como série televisiva (esta com uma duração suplementar de cerca de uma hora). Em todo o caso, dois aspectos o demarcam de muitas séries ditas “de reconstituição histórica”. O primeiro decorre da recusa de qualquer decorativismo, sensível no modo como os elementos paisagísticos são valorizados como componentes essenciais da dramaturgia. O segundo tem a ver com a duração: somos confrontados com os tempos enigmáticos de uma relação amorosa, dos rituais de descoberta dos corpos até ao papel sensual e infinitamente delicado que podem ter as palavras.
Marina Hands, no papel de Lady Chatterley, e Jean-Louis Coullo’ch, o seu amante (“l’homme des bois”, como se diz no título da versão francesa), são absolutamente extraordinários. Longe, muito longe, de qualquer cliché dos “amantes marginais”, as suas composições devolvem-nos personagens que descobrimos vivas, contraditórias, iluminadas pela violência do amor.
* A versão televisiva de Lady Chatterley está programada para o dia 22 de Junho — 1º episódio: 19h40; 2º episódio: 21h25 (horas portuguesas) — no canal Arte.
Ironicamente, o filme foi concebido para as salas de cinema e também como série televisiva (esta com uma duração suplementar de cerca de uma hora). Em todo o caso, dois aspectos o demarcam de muitas séries ditas “de reconstituição histórica”. O primeiro decorre da recusa de qualquer decorativismo, sensível no modo como os elementos paisagísticos são valorizados como componentes essenciais da dramaturgia. O segundo tem a ver com a duração: somos confrontados com os tempos enigmáticos de uma relação amorosa, dos rituais de descoberta dos corpos até ao papel sensual e infinitamente delicado que podem ter as palavras.
Marina Hands, no papel de Lady Chatterley, e Jean-Louis Coullo’ch, o seu amante (“l’homme des bois”, como se diz no título da versão francesa), são absolutamente extraordinários. Longe, muito longe, de qualquer cliché dos “amantes marginais”, as suas composições devolvem-nos personagens que descobrimos vivas, contraditórias, iluminadas pela violência do amor.
* A versão televisiva de Lady Chatterley está programada para o dia 22 de Junho — 1º episódio: 19h40; 2º episódio: 21h25 (horas portuguesas) — no canal Arte.