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O final da competição nao foi especialmente feliz. O derradeiro filme — "Promise Me This", de Emir Kusturica — foi mais um objecto de "corta-e-cola", renovando a sensação de que há muito boa gente que anda apenas a reciclar os efeitos mais superficiais da sua própria obra.
Em termos meramente subjectivos (e, portanto, sem aquela ilusão pueril segundo a qual o júri se devera sentir "obrigado" a premiar os títulos eleitos pelo escriba de serviço...), destaco os quatro filmes que mais me tocaram (por ordem de apresentação):
- 4 MESES, 3 SEMANAS E 2 DIAS, de Christian Mungiu: sem dúvida a grande revelação deste certame, uma produção romena que escolhe a via difícil, mas empolgante, de um realismo austero e intransigente.
- ZODIACO, de David Fincher: "apenas" a confirmação de que o autor de Clube de Combate é um dos mais brilhantes criadores de uma "nova vaga" made in USA em que a ousadia experimental vai a par da cuidadosa preservação de muitos valores da narrativa clássica.
- PARANOID PARK, de Gus Van Sant: um prolongamento metódico, mas nada copista, dos pressupostos temáticos e formais de Elephant, prosseguindo uma admirável arqueologia intimista da juventude americana.
- ALEXANDRA, de Alexander Sukorov: mais um exemplo genial de uma obra que possui a Mãe-Russia no seu centro, viajando com intensa comoção pelo seus lugares concretos e imaginários, suas alegrias e tragédias.
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* Uma sugestão: visitar o Cannes 2007, site não oficial com o balanço de todo o festival, em todas as secções (incluindo a Quinzena e a Semana da Crítica).