Poderá Sam Riley, vocalista dos 10.000 Things (uma banda de Leeds) assumir a personagem de Ian Curtis numa evocação dramática da vida e morte do lendário vocalista dos Joy Division e, por extensão, numa viagem realista e desencantada através de Manchester na segunda metade dos anos 70?
A resposta a esta pergunta, latente desde que se anunciou a produçao de Control, é sim, entusiasticamente sim. Na sua estreia como realizador de longas-metragens, o fotógrafo Anton Corbijn consegue a proeza de fazer um filme de uma inesperada justeza melodramática. Por um lado, está lá toda a ambiência musical, com Sam Riley a "encaixar" lindamente nos sons dos Joy Division; por outro lado, Control é uma espantosa teia de afectos, centrada no triângulo definido por Ian Curtis, Deborah Curtis (em cujo livro de memórias se baseia o argumento do filme) e Annik Honoré, uma jornalista belga - as duas mulheres são interpretadas, respectivamente, por Samanta Morton e Alexandra Maria Lara (actriz romena que entra no próximo filme de Francis Ford Coppola, Youth Without Youth).
Control abriu oficialmente a Quinzena dos Realizadores, conferindo desde logo a esta secção paralela a capacidade de se afirmar como muito mais do que uma mera antologia de "restos" da selecção oficial. Em boa verdade, se o filme de Corbijn estivesse na competição, não seria arriscado prever que, no mínimo, Sam Riley seria um dos mais sérios candidactos ao prémio de melhor interpretação masculina.
Control abriu oficialmente a Quinzena dos Realizadores, conferindo desde logo a esta secção paralela a capacidade de se afirmar como muito mais do que uma mera antologia de "restos" da selecção oficial. Em boa verdade, se o filme de Corbijn estivesse na competição, não seria arriscado prever que, no mínimo, Sam Riley seria um dos mais sérios candidactos ao prémio de melhor interpretação masculina.