1. Eis um problema que se arrasta: algumas formas de divulgação dos filmes, nomeadamente dos filmes em DVD, são de uma pobreza quase ofensiva.
2. De que estou a falar? De algumas informações (?) que, por vezes, chegam aos jornalistas, dando conta, por exemplo, de um novo lançamento de DVD.
3. Não quero fulanizar a questão, mesmo se é verdade que há pessoas a trabalhar no meio que não têm qualquer formação especificamente cinematográfica. Nem pretendo sugerir que há empresas "boas" e empresas "más" (por vezes, na mesma empresa encontramos a competência a conviver com a mais básica incapacidade de fazer valer o produto que, supostamente, se quer divulgar, eventualmente vender).
4. Cada vez com mais frequência, há dossiers (??) informativos como aquele que recebi há pouco tempo: uma mera frase (segue "informação relativa a...") e, em anexo, um quadro de títulos. Era de alguma empresa "de vão de escada", ainda a tentar impor-se no mercado?... Não, era de uma grande, enorme, gigantesca multinacional, com negócios de muitos biliões em todo o planeta.
5. Que títulos, então? Apenas os portugueses. O que pode corresponder a coisas como "Um Aventureiro em Bolandas" ou "Hard Guy: o Regresso" (estou a inventar, ma non troppo...). Títulos originais? Nada. Datas de produção? Uma em cada vinte filmes. Actores? Que interessa?
6. Que fazer? Por mim, considero, cada vez mais, que importa dar a conhecer esta situação aos leitores/consumidores. É importante que eles compreendam que os jornalistas podem ter mais ou menos talento, mas não são adivinhos da informação que (não) lhes são. Já me aconteceu (e a diversas pessoas que me deram conta da mesma experiência) descobrir por mero acidente que há grandes maravilhas — actuais ou clássicas — editadas em DVD: percorro os expositores de uma loja e deparo com espantosos filmes sobre cuja edição foram distribuídas informações equivalentes a... zero!!!
7. Vale a pena, por isso, perguntar aos editores de DVD o que pensam do seu próprio trabalho de divulgação? Individualmente e em conjunto, como encaram as suas relações (???) com a comunicação social? Ou será que há quem pense que as relações profissionais entre empresas e jornalistas são um "favor" que ambas as partes podem contornar? Pela minha parte, quero ser muito claro: informações como algumas que vão chegando não são apenas jornalisticamente inúteis — são também uma prova de menosprezo pelos consumidores.