A revista novaiorquina Tokion, embora já no seu quinto ano de existência, só recentemente começou a surgir nos escaparates portugueses. Apesar de genuinamente original, trata-se de uma publicação que aplica um modelo corrente no mercado mais popular, mas também nas zonas editoriais mais "especializadas": com um leque temático dominado pela música, a Tokion vai do cinema ao desporto, passando pela moda, banda desenhada, artes plásticas, etc. O princípio básico de trabalho é mesmo a permanente oscilação entre o centro e as margens, os fenómenos mainstream e a experimentação vanguardista.
A edição nº 57 (com data de Março) é particularmente apetecível. O tema são as "Lendas". Nele cabe gente muito diversa: Muhammad Ali, referência mitológica do boxe; Albert Maysles, mestre do documentarismo americano; Daido Moriyama, espantoso fotógrafo do quotidiano japonês; Roger Corman, produtor cinematográfico ligado à eclosão da geração de Coppola e Scorsese; Ennio Morricone, porventura o mais conhecido compositor contem-porâneo de música para filmes; e, last but not least, os Rolling Stones.
Mick Jagger está na capa, numa espantosa fotografia de Michael Halsband. No interior, um portfolio intitulado "Ladies and gentlemen, The Rolling Stones" ocupa doze páginas dedicadas ao trabalho de Halsband durante a digressão que se seguiu ao lançamento do álbum Tattoo You (1981), numa altura em que as bandas de rock "ainda mandavam no mundo". São imagens que estão para além de um mero conceito de reportagem, embora, evidentemente, não o reneguem. Podemos mesmo dizer que Halsband, fotógrafo de tantas lendas do século XX (lembremos apenas os seus retratos de Andy Warhol), é um criador que dispensa as categorias tradicionais: documentar a diversidade do mundo é, para ele, abrir as portas da lenda.
A edição nº 57 (com data de Março) é particularmente apetecível. O tema são as "Lendas". Nele cabe gente muito diversa: Muhammad Ali, referência mitológica do boxe; Albert Maysles, mestre do documentarismo americano; Daido Moriyama, espantoso fotógrafo do quotidiano japonês; Roger Corman, produtor cinematográfico ligado à eclosão da geração de Coppola e Scorsese; Ennio Morricone, porventura o mais conhecido compositor contem-porâneo de música para filmes; e, last but not least, os Rolling Stones.
Mick Jagger está na capa, numa espantosa fotografia de Michael Halsband. No interior, um portfolio intitulado "Ladies and gentlemen, The Rolling Stones" ocupa doze páginas dedicadas ao trabalho de Halsband durante a digressão que se seguiu ao lançamento do álbum Tattoo You (1981), numa altura em que as bandas de rock "ainda mandavam no mundo". São imagens que estão para além de um mero conceito de reportagem, embora, evidentemente, não o reneguem. Podemos mesmo dizer que Halsband, fotógrafo de tantas lendas do século XX (lembremos apenas os seus retratos de Andy Warhol), é um criador que dispensa as categorias tradicionais: documentar a diversidade do mundo é, para ele, abrir as portas da lenda.
* Texto publicado no Diário de Notícias (15 Abril 2007).